Sábado passado lá no Martim o Carlos Brandao me disse que o poema dele que comeca com a frase "Andava meio só", que ele postou no ultimo dia 22 de Janeiro (e colei aqui), foi escrito há uns 20 anos...
Durante a nossa conversa (um turbilhão de assuntos) ele me falou do Pio Vargas para ilustrar sua tese de que "o artista inseguro é um problema".
Citou outros casos de grandes artistas "perdidos" em Goiânia, como de seu amigo e parceiro, o compositor Silvio Barbosa (procurei do Google e não achei nada a respeito dele...), que era alcóolatra e morreu no Rio de pancreatite.
Brandão participou com Silvio do Festival Abertura na Globo, em 75. Rogerio Duprat (o "George Martim" dos Mutantes!) produziu a música, parceria do Brandão com o Silvio, que participava do Festival.
Diz que esse Silvio era talentosissimo (mas louco) e tirava de ouvido as harmonias complexas até de discos de progressivo, como o do Genesis: Selling England by the Pound.
Conclusão: desiste da carreira e morre sem nem gravar suas músicas. Hoje pesquiso na net e ele não "existe".
Nessa galeria de loucos e desorientados goianos do fim dos anos 60 também tinha um tal de Marcio Cedro, compositor goiano que tinha problemas relacionados à loucura + drogas.
Brandão me diz: " Da minha turma eu fui um dos unicos que salvou. O resto tudo enlouqueceu ou acabou a carreira".
A "turma" dele era o pessoal que andava junto, como Silvio, Marcio, Carlos Ribeiro, Horton Macedo, etc.
Brandão disse uma vez em entrevista ao O Popular:
"Cada letra que eu faço eu me salvo."
(Linda essa frase... e eu sinto que comigo tambem é assim... eu tento me salvar produzindo, criando, pois, como diz minha mãe: "mente vazia é oficina do diabo", né? E eu boto fé que é mesmo...)
Também tem o caso do Roos, que é um artista plástico, que foi aluno do Dj Oliveira, assim como Siron Franco.
O Siron sabia vender o seu produto e virou sucesso mundial (embora muita gente xingue-o). E o Roos não sabia e virou alcóolatra. Hoje Roos não bebe mais e pinta normalmente. Olha essa ilustração do Roos aí:
E nessa lista de artistas goianos desorientados tem o caso emblemático do Pio Vargas. Eu não sabia, antes dessa conversa com o Brandão, que Pio Vargas fora um poeta goiano com um fim trágico. Pra mim era apenas nome de biblioteca pública.
Dizem que Pio Vargas ia ser o maior poeta de seu tempo, mas morreu antes. Na manhã de 8 de março de 1991, tinha 26 anos. Sofreu uma parada cardíaca causada por uma overdose de cocaína.
Pio Vargas
(7 de setembro de 1964 — 8 de março de 1991)
Então. Agora leio la no blog do Brandão um belo poema postado ontem (Quinta-feira, 5 de Fevereiro de 2009), em parceria com Pio, que colo aqui:
Cenário (em parceria com Pio Vargas)
Quase nada me separo
e se paro
é por andar
Quase sempre me evaporo
pela fresta
do olhar.
Por aí
pelos atalhos
meu comboio e agonia
Meu caminho é sempre vário
Minha fuga não varia.
Meus domingos, meus projetos
esse rosto, essa barba
e o cenário por montar
Na boca do abandono
nem legumes, nem palavras
meu papel é navegar
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(poema de Carlos Brandão em parceria com Pio Vargas)
Um comentário:
gostei desse escrito!
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