sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pó de Ser na Praça do Trabalhador!!!!

Que honra participar com a banda Pó de Ser desse evento,
mostrando esse nosso 'trabalho', que nos diverte,
bem na Praça do Trabalhador!
:>)




terça-feira, 26 de abril de 2011

Dia 27/04: DIEGO & O SINDICATO na PUC Goiás!

Tocaremos no dia 27/04
na PUC Goiás (próximo ao estádio Serra Dourada)!

Mais informações:



segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nos trilhos sonoros de Sérgio Sampaio


Texto meu publicado no Jornal Opção:




Mamãe varria a casa cantarolando a marcha-rancho “Eu quero é botar meu bloco na rua”, sem saber quem era o compositor. Aqueles versos adentravam meu inconsciente de menino em um Senador Canedo sem internet, que me obrigava a ligar as pontas por conta própria. Na adolescência, encontro, numa antiga revista Bizz, no canto de uma matéria sobre o Raul Seixas, uma nota sobre “um tal” de Sérgio Sampaio, e descubro que ele é o autor daquela melodia que mamãe cantarolava. Guardo o nome e sigo. Um dia, vasculhando sons, num sebo no centro da nossa capital, esse “bicho urbano-rural” chamado Goiânia, encontro um cd que sangrava o bendito nome na capa. Era um disco clássico da MPB, relançado em cd, no início do século XXI, sob a supervisão do (ex)”titã” Charles Garvin. Sem pensar duas vezes, gasto meus trocados, sem poder, e volto pra casa feliz da vida, me sacudindo no Eixo “diabo velho”.

Revista Super Pop - fevereiro de 1973


“Eu quero é botar meu bloco na rua”, álbum lançado pela Phillips, em 1973, foi um estrondoso sucesso de vendas, graças à repercussão da faixa título, que se destacou no VII Festival Internacional da Canção, e projetou a persona enigmática de Sérgio Sampaio, na história da música brasileira — sendo, depois, tachado com a alcunha de “maldito” ou “marginal”. “Maldito vírgula”, levanta o dedo Itamar Assumpção! O sucesso do “Bloco” permanece, agradando a gregos e troianos e divulgando esse gênio, “poeta do riso e da dor”, que completaria 64 anos, no último dia 13, se uma pancreatite não o tivesse levado, assim como levou Leminski.

Depois de me embriagar por cada detalhe desse álbum, vasculhei o restante da discografia de Sampaio e, entre o pirado “Sociedade Da Grã-Ordem Kavernista” (1971) e o póstumo “Cruel”(2006), encontro o último disco que ele lançou em vida, “Sinceramente” (1982), afirmando que “não há nada mais bonito do que ser independente”. Cada canção, uma pérola. O conjunto da obra é de arrepiar, mas considero o “Bloco”, o mais bem gravado, graças à aula de produção dada por Raulzito Seixas, que também foi levado por uma pancreatite.

Entre as faixas desse disco que tiveram mais destaque radiofônico, está a canção “Viajei de trem”, com seus versos angustiados e sintomáticos de um período histórico obscuro, lastimando: “minha lucidez nem me trouxe o futuro”. Sérgio dizia que só incluiu essa música no repertório do LP por insistência de Raulzito, que se entusiasmava com ela. Daí, fico aqui, pensando com meus botões: será que essa música não inspirou Raul a fazer o “Trem das 7”? Pensa comigo. Ambas são construídas em um dedilhado enquanto base para uma poesia psicodélica que destaca a imagem metafórica da ferrovia. Será? “Viajei”? Acho que não. Os compositores se influenciam. Por exemplo, aí no título desse texto faço um intertexto com a expressão “trilhos sonoros”, que batiza uma das canções do meu amigo Kleuber Garcêz (meu parceiro na banda Pó de Ser), canção que foi inspirada em um verso de Juraildes da Cruz. É assim... Uma canção gera outra. Mamãe viajou de trem e eu viajei na canção.


Wander Wildner nos trilhos do coração


“Viajei de trem” é reinterpretada por Wanderley Luis Wildner (o conhecido “punk brega” Wander Wildner) em seu novo disco, “Caminando Y Cantando”, lançado no fim do ano passado. Além de Sérgio Sampaio, ele também recria, com seu vocal rasgado, a “À Palo Seco” de Belchior, evidenciando sua paixão pela música setentista. O single “Boas Notícias”, de seu amigo Gustavo Kaly, se encaixou como uma luva no espírito desse álbum, “on the road”, em que o romântico Wildner, com a pegada forte do violão de aço, se apresenta como um intérprete de personalidade. Para embarcar nessa viagem sonora que cheira à estrada, acesse: http://www.myspace.com/wanderwildner

“As ruas marchando invadiam o meu tempo”.




domingo, 17 de abril de 2011

Mascate & Os Seus Cometas - no país dos baurus
























[ilustração: Kleuber Garcêz]


Há muitos anos atrás (bota muito nisso, já que nesse tempo violento do twitter: meses parecem anos!), quando eu era jovem, toquei bateria numa banda de rock do Canedão do meu coração, chamada Nóia Catódica. O ano devia ser 2001 e eu estava por volta dos meus 15 anos. Tentando entender a vida (pois papai já havia passado dessa pra outra esfera e, assim, o tema da morte tornara-se uma inquietação constante na minha cabeça de aborrecente), vivia lendo a Bíblia de cabo a rabo (sim, sei que preciso re-ler para re-interpretar as parábolas, porque, na época, eu não era “virgem” apenas no signo, mas também na “cabeça”...) e já começava a grilar com os fariseus ao redor (sempre existem muitos deles por aí – principalmente nesses nossos tempos tuiteiros de tanta hipocrisia transvertida de “politicamente correto” – né não?). Então. Foi nesse período da minha vida que o pessoal da banda Nóia me apelidou de “Mascate” – o Nick, o vocalista, sugeriu e o Joãozinho, o baixinho baixista, batizou. Era um apelido que ficou restrito àquele ambiente, daquelas pessoas, que viam no Keith-Moon-em-potencial que eu era: semelhanças com um legítimo vendedor de panelas que bate de porta em porta (logo eu que só “batia” escondido atrás da porta!). Sabe aqueles apelidos que registram uma experiência no mundo, uma intimidade em um circuito de amizades? Pois é, eu era o Mascate.

Anos depois, lendo nos anais da História, vim a descobrir que os mascates, mais do que meros comerciantes de trenheiras, eram também “links ambulantes”, pois levavam informações, percorrendo o sertão, vendendo um pouco de tudo. Como diz o professor João Alberto: “atrás de cada mercadoria tinha todo um mundo”. Minha mãe lembra que, quando ela era menina, na fazendinha de meu avô, era um motivo de festa na vizinhança, quando chegava com suas novidades e mala na mão, a figura do mascate. Às vezes ele era motivo de piada, mas não se importava e prosseguia em sua caminhada. Em alguns lugares do interior, esse mercador, comumente um turco, era apelidado de “cometa”.

Metido a besta que sou, relacionei o antigo apelido com o que o que me tornei na vida (metido a besta que sou). “Tem dias que a gente se sente como quem partiu” e, nesses dias, me sinto um mascate de idéias, um andarilho, um nowhere man (Eu Queria Ser John Lennon” ... mas essa é outra história, do goiano Odair José). No próximo “domingão do Diegão”, continuarei tentando vender meu peixe, narrando sobre o tipo de material que mascateio – no que tange à relação entre ‘poesia e música’, em particular. Não percam as cenas dos próximos capítulos: aqui mesmo nesse canal ou lá no meu twitter: @diego_de_moraes . Beijo do magro! Partiu.



[publicado no jornal Diário da Manhã]

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Diego e O Sindicato + Gloom no Ibirapuera - vídeo saindo do forno!

O pessoal do Ibirapuera ( @audibira ) acabou de postar esse vídeo
do nosso show lá em Sampa no mês de janeiro, no "Brasil Central Música",
espia só:


ó a goianada + o Pena Schmidt em frente ao Ibiras

terça-feira, 12 de abril de 2011

Vídeos no Goiânia Canto de Ouro desse ano!

Escrevi lá no DM sobre a "vitrine de encontros"
que o Goiânia Canto de Ouro é.
"Celebrando a vida", fiquei feliz pelo Kleuber, meu parceiro de Pó de Ser, ter escrito
no blog dele a respeito do 9º elenco da 4ª Edição dessa mostra:


Hoje tava reparando que ainda não postei aqui os vídeos que já tão rolando aí na net.
As coisas estão corridas (entre tantos trampos e trélas!)...
E, quando estou no mundo virtual, o twitter e o facebook acabam me sequestrando desse espaço-BLOG.
Outro dia o @aiturrusgarai até tuitou:
"Minha filha vai dizer daqui a uns 2 anos:
-Papai era do tempo do BLOG!"
Bom. Deixando a prosa de lado... vai aí alguns vídeos:
Divulguem pra família brasileira, pessoal!!!!



+ Cristiane Perné
cantando uma 'inédita' minha e do Kleuber:
A DANÇA DA CANÇÃO INCERTA



+ Fernando Simplista,
sem "medo de falar e errar",
cantamos uma do "Parte de Nós" do Sindicato:
QUASE NADA




+ o Kleuber
apresentando uma amostra do
CUIDADO
do Pó de Ser:



+ Sérgio Pato:
mandando uma das minhas "véias inéditas"
MENTIRA
(Sacanagem... me apelidaram, nos bastidores, de "Marrequinho" - hehe)


+ Beto Cupertino, dos venerados Violins,
lembrando a mensagem do mestre Lobão:
A VIDA É DOCE




domingo, 10 de abril de 2011

Doutor Hélio: um restaurador de móveis, memórias e sonhos

Thiagão, Dr. Hélio e eu


Dr. Hélio Caldas Pinheiro é um advogado itaberino, que freqüentemente usa sua criatividade para restaurar móveis, durante a noite, em sua residência. Inclusive, muitos dos móveis do Museu Histórico de Itaberaí foram reformados por esse inquieto senhor, que se dedica a várias atividades, entre a advocacia, as ações de caridade kardecista e a escrita. Orgulhoso de seus filhos, todos formados, é um homem simples, educado, que tem a despretensão como uma de suas características, revelada, por exemplo, ao considerar a expressão “Doutor Hélio” apenas como um dos seus dois apelidos – o outro é “palestrante”. Diz, porém, que não faz “palestra”, mas, sim, proseia. Na última quinta-feira, tive o prazer de ter um “dedo de prosa” com ele, que começou tímido e depois, no decorrer da conversa, foi dizendo, com bom ânimo: “Procuro encher minha vida; se eu ficar à toa, fico louquim... Minha canção de ninar é a palavra cruzada”.

Além de restaurar móveis, Dr. Hélio também “restaura” memórias, através da fala e da escrita. Relata, em tom bem humorado, várias histórias engraçadas de seu tempo de menino travesso, relembradas em cada detalhe da casa que hoje é a sede da AILA (Academia Itaberina de Letras e Artes), fundada em 1993, e que integra a “Casa da Cultura Cel. João Caldas”. Cada canto desta casa lhe traz lembranças da sua infância, na década de 30. A casa, construída pelo seu avô, Cel. João Elias da Silva Caldas, em 1905, expõe e preserva livros e diversos objetos antigos doados – como uma palmatória de 1920, sons de vinil, um apontador de mesa da década de 60 e outras curiosidades interessantes – que evidenciam o espaço enquanto uma grande fonte de informação histórica, tanto da cidade de Itaberaí, quanto do Estado de Goiás.

Na parede, leio um cartaz: “Objetos do passado são memórias valiosas. Preserve-os!”. Dr. Hélio leva essa mensagem a sério e se esforça para preservar os objetos e as memórias a que eles remetem, como se poderá ver nos seus dois livros, prestes a serem lançados – um de memórias (“Memórias itaberinas”) e um de poesias (“Nas asas da imaginação”) –, e ainda pretende publicar outro livro memorialista, falando de quando morou em Goiânia, incluindo histórias de quando estudou no Liceu. Narrador talentoso, de olhar lírico, Dr. Hélio conta sobre seu passado com vivacidade, levando o interlocutor a imaginar as situações relatadas. Dessa forma, sua imaginação não só “restaura” móveis e memórias; também “restaura” sonhos, com seu exemplo de inquietação, de atitude, em seus mais de 80 anos. Não só dá um depoimento sobre o passado, mas dá um recado para o presente, com o exemplo de sua própria ação no mundo, com essa sua energia para viver e fazer suas coisas, sem se acomodar, demonstrando ser um ser humano motivador, inspirador – isso em um simples “dedo de prosa”. Assim segue o Dr. Hélio, restaurando móveis, memórias e sonhos.

[publicado no Jornal Diário da Manhã]

segunda-feira, 4 de abril de 2011

um email poético

Celso Moraes Faria

é um cara que não conheço pessoalmente;

mas nos conhecemos,

via nossa prosa por email,

uma das boas surpresas trazidas por publicar no DM.

A conversa começou no fim do ano passado,

quando ele entrou em contato, comentando a crônica sobre Assis Valente.

Pensei: "tá aí um cara raro, nos dias de hoje"...

Compartilhamos, além do sobrenome e do difícil ofício de professor,

a paixão pela leitura e pela filosofia.

Mês passado, ele me enviou um email emocionante,

sobre a crônica O amor é maior que a morte.

Um email sincero, acompanhado por esse texto dele,

muito bem construído, escrito em 1993,

que compartilho aqui, agora:




FAMILIARIDADE


Márcia, desde muito pequena,

tinha, talvez por hábito,

talvez por coisa determinada (por quem?...),

tocar, mesmo que de leve, os mortos,

em todos os velórios nos quais porventura marcasse presença.

Nem que fosse um brando toque com a ponta do dedo sutil,

era quase necessário,

era quase um ritual.

Fosse na testa fria,

ou na face tão gelada,

ou no par de mãos crispadas,

tinha que tocar o defunto, ou a visita não seria proveitosa

(quão proveitoso pode ser um velório?).

Márcia manteve o hábito até o fim da própria vida,

e quando esse fim chegou, num dia triste e chuvoso,

ela não se assustou ao ver a Dama de Preto.

Intrigada Márcia estava

com a coragem que ostentou,

mas a Morte, percebendo, à anciã explicou:

“Tocaste tanto os meus mortos,

que tomaste consciência,

através daqueles corpos,

de toda a minha essência.

E assim compreendeste

que horror algum advém

do meu toque, que é descanso

para aquele que é do Bem.

As pessoas não entendem,

por isso é que medo têm.

Tua ventura invulgar

não é para qualquer alguém.”

E assim, Márcia morreu em paz,

e teve a grande sorte:

pois, antes de ser tocada,

tocara mil vezes a morte.





Bom demais, né?

Na resposta eu disse: "cara, seu email é uma crônica!"

e agradeci o poema-conto, esti

mulando-o a fazer um blog
pra postar seus escritos com suas reflexões e criações.

Daí, outro dia, fiquei feliz ao receber outro email do Celso me passando

o link do blog dele: http://celso-moraes.zip.net/

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Um notável 1º de abril


“Posso não concordar com nenhuma de suas palavras, mas defenderei até a morte o direito que você tem de dizê-las”. Várias vezes já citei essa máxima do filósofo Voltaire, na sala de aula ou em debates que envolviam a defesa da liberdade de expressão. Outra que eu sempre lembrava, em tais situações, era a idéia do Raul: “Não tem certo, nem errado, todo mundo tem razão e o ponto de vista é que é o ponto da questão”. Mas a esdrúxula cena do “Boçalnaro” no CQC, me fez repensar essas duas frases emblemáticas. Luto, enquanto artista, pela liberdade, mas não posso defender, enquanto cidadão, a expressão de qualquer tipo de proposição, como as que ferem princípios democráticos, de respeito à diversidade e à liberdade de escolha individual. O artista e o cidadão estão juntos. A arte da cidadania envolve liberdade, sim, mas com limites: a minha termina onde começa a sua. Caso contrário, cairia num perigoso relativismo que justificaria tudo mais qualquer coisa. E aí entra um bloco de questões, como: até que ponto pode a democracia aceitar uma visão antidemocrática? Voltaire defenderia o direito de expressão contra o próprio direito de expressão? Todo mundo tem razão?

Lembro-me quando o Diomídio, um amigo meu de faculdade, questionava a historiografia “pós-moderna”, dizendo que o relativismo poderia ser usado como defesa do nazismo, uma “perspectiva”, já que “tudo é válido e a verdade é um ponto de vista”. Diomídio tem razão, nesse ponto: nem todo mundo tem razão. Se o sujeito acha o governo milico foi venerável, ok, uma opinião. Se ele discorda das cotas, mais uma visão. Se vê repudia a relação homossexual, outra opinião – partilhada por muita gente! – e o debate está posto. Do conflito dos argumentos chegamos a uma conclusão, a uma “verdade”. Eu, enquanto professor, convivo com o debate e vejo muitas pessoas “de bem” concordarem com várias assertivas defendidas por Bolsonaro, embora não explicitem, como ele fez, se mostrando pro país inteiro como caricatura ambulante e anacrônica – caricatura da visão de mundo que marchou pela TFP. Bolsonaro é só um exemplo grotesco de como o tipo de pensamento “reacionário” do pré-64 encontra defensores, ainda hoje. O nosso próprio Luiz Gama disse, em seu twitter, sobre o “deputado da família brasileira”: “O dep. Jair Bolsonaro está garantido por mais uns 5 mandatos como deputado federal. A maioria do eleitor brasileiro pensa igual o deputado.” Pensa igual? Então vamos “democratizar o nazismo”?

Essa cena do Boçal, caiu como uma luva pra começar uma semana em que relembraríamos daquele 1º de abril em que contaram uma grande mentira: a “revolução de 64”. Se você é pró-democracia e ficou incomodado diante do pastiche fascista, leia a “Petição em repúdio ao Deputado Jair Bolsonaro”, reflita e, caso concorde, assine ( http://www.peticaopublica.com ).

Falando de expressão democrática, aqui em Goiás, o último 1º de abril, foi eleito o “dia da verdade” por vários artistas e produtores culturais, que, levantando lemas como “arte é trabalho”, se manifestaram exigindo, do governo do Estado, o tratamento da cultura enquanto prioridade. Para se informar mais, sugiro a participação do Fórum Permanente de Cultura (Goiás), com página no facebook. Contrariando o coro retrógrado de figuras como Boçalnaro, os agentes da cultura daqui nos remetem a outros aspectos do pré-64, que merecem ser lembrados, tais como a perspectiva prospectiva, democrática e crítica.


[publicado no jornal Diário da Manhã]