sábado, 31 de janeiro de 2009

Memórias do golpe de 64 (Nelson Werneck Sodré)

“Só quem perdeu, algum dia, a liberdade, pode avaliar quanto ela vale.” (pág. 34)


"A realidade é composta desses lados contrastantes: o lado dos que têm algo a dizer e não encontram lugar e oportunidade, e o lado dos que têm lugar e oportunidade e nada têm a dizer" (p. 179)



"Tratava-se, no fim de contas, mais uma vez, do conceito de liberdade, honrado em abstrato, normalmente, pelos intelectuais, no individualismo que os aperta, na solidão do trabalho que executam, no valor desmedido que transferem ao resultado desse trabalho, na vaidade que, por isso mesmo, os atormenta. O operário que não tem vaidade da mercadoria que produz; ela lhe é alheia- alienação já estudada e definida- e não se lembraria de orgulhar-se por tê-la produzido. O artesão, ao contrário, tinha, porque podia ter, vaidade do que produzia: ele estava pessoalmente ligado ao que cria; o que ele cria é um pouco de si mesmo. E ele cria em esforço individual, quase sempre solitário; sua obra carrega um pouco do criador, está ungida do que ele pode comunicar, de sua força criadora. O invidualismo do artista, assim, não é uma espécie de maldição, de pecado. Decorre de condições objetivas e de condições subjetivas. A esse individualismo está ligao a concepção abstrata de liberdade" (pág. 190)



"Depois que alcança, ainda que simplesmente por antiguidade, certa notoriedade, ocupando espaço na área artística, não pode o indivíduo escapar às contingências que a cercam, particularmente em fases como aquela que estávamos atravessando. Quem trabalha para o público- escritor, jornalista, autor teatral ou de cinema- está sujeito às suas manifestações: há sempre quem goste e quem não goste. É uma contingência. Quem escolhe atividade desse tipo sabe que pode ocorrer desaprovação. Não há que se aborrecer alguém por isso. Nos domínios da crítica, o problema é, puco mais ou menos, o mesmo. Neles, entretanto, é fácil distinguir a divergência da maledicência, da malevolência. É aceitável que o crítico não goste de um livro; já não é aceitável quando a razão de sua discordância independe do livro e reside no fato de que ele não gosta do autor. (...) Ninguém pode caminhar pelos tortuosos caminhos de uma atividade feita para o público sem se arriscar a receber a mordida de um cão raivoso, ou a pedrada insólita de um esquizofrênico, ou o bote traiçoeiro de serpente que se pisou inadvertidamente." (pág. 246-247)


“Não sei se uma ou duas vezes, mas sempre envergonhado, não por mim, mas pelo nível a que via baixar, em meu país, a visão das coisas, ainda as mais simples. O interrogante- nesse caso particular, bem educado, quanto ao trato- sentia-se investido de autoridade ilimitada e dotada do sentimento de quem está realmente salvando a civilização, a pátria, a família. Apesar de seu trato ameno, via-se que julgava mesmo os “indiciados” ou corruptos, isto é, vigaristas, ou subversivos, isto é, indivíduos de maus princípios, bandidos perigosos para a ordem social. (...)E o que se passava era triste. Em primeiro lugar, destacava-se o ódio ao operário: o crime inexpiável do ISEB era o de ter ensinado a operários, ter feito conferências em sindicatos. Outro crime abominado: ter ensinado a estudantes, o estudante era qualificado como arruaceiros. Terceiro crime: ser jovem. Carga pesadíssima recaía sobre os meus assistentes: eram jovens e, pela idade, não podiam- salvo por “subversão”- lecionar em instituto de pós-graduação e ainda menos a ser autores de livros que o Ministério da Educação e Cultura apreciava e até pagava. Roberto Pontual não deveria ter sido nomeado para o cargo que exercera por ser jovem” (p. 67-68)



“Evoluindo muito, em minhas idéias, mudando-as constantemente, guardei, entretanto, ao longo dos anos e da aprendizagem, uma linha de coerência que acabou por marcar a minha fisionomia intelectual. Eu me desenvolvi, num processo dialético, mas sempre no mesmo sentido. Minhas mudanças, depois que ultrapassei a adolescência, nunca foram de rumo.” (p. 198)


“O ambiente do país era de treva: a cultura era espezinhada, desmoralizada, acusada de infamante; os intelectuais eram presos, maltratados, perseguidos; a atividade deles era censurada e violentada- reinava, em suma, o terrorismo cultural. Foi, apesar de tudo isso, o grande momento da intelectualidade brasileira, que resistiu bravamente e lutou com energia, e até com alto nível de unidade, contra a fúria obscurantista que se estendera a todo o país, cobrindo-o como sombrio e sufocante manto. A intelectualidade dispunha, naquela fase- o que a diferencia daquela em que vivemos (ou apenas substituímos) na fase atual, quando escrevo -, de condições razoáveis para a resistência: o rádio e a televisão estavam fora de seu alcance, controlados já pela reação policial, mas dispunham, dentro de certos limites, do livro, do teatro e, principalmente da imprensa.” (pág. 128)



"Nada mais difícil do que a escala de valores; ela define o nível da cultura. Gide recusou os originais de Proust, como é sabido; Proust atravessou os tempos e Gide está sendo esquecido. Perceber o novo- e não a simples novidade, a ela reduzida-, é raro. Mas é essa capacidade para distinguir valores, e para ordená-los em escala, que caracteriza o indivíduo. Porque o meio, o tempo, a época, quase sempre julga com acerto. " (p. 181)

(trechos do livro de Nelson Werneck Sodré : "A Fúria de Calibã: memórias do golpe de 64")

Sorte de HOje




"Sorte de hoje: A pessoa que lê sua sorte não está se sentindo bem.
Esperamos que você esteja."
(marcos)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Residas Filmes - Diogo, um lóki no Acre

Bom... agora que aprendi a postar vídeos do iurtubi aqui... vai aí o que o Chelo fez com umas imagens capturadas do tosqueira aqui lá em Rio Branco falando groselha:



No vídeo comento sobre os livros que comprei lá, sobre uma reportagem que saiu na época sobre um cara que matou 10 e se suicidou em ataque a escola na Finlândia e tem um trechim do show.

Mas o melhor são os últimos 10 segundos, em que canto "O Meu Amor Chorou" do Paulo Diniz (que a minha mãe e a Ariel são fãs!) "acompanhado" por uma banda acreana...

Isso entra como documento dos melhores momentos de 2008.

Destaque para a boa edição do mano Chelo.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Porcas no estúdio

Nossos brothers do Porcas Borboletas também estão no estúdio (em Sampa) gravando o segundo disco deles. O Danislau postou esse videozinho sobre os primeiros dias da gravação:




Estamos aqui na expectativa, pois, na nossa modesta opinião, Porcas é, sem dúvida, a melhor banda atual do Brasil! E tem altas músicas deles que curtimos, que já tocam em shows, e devem vir nesse próximo lançamento...


(Obrigado à Grazie, esposa do Enzo, que -via MSN- ensinou o "burro virtual aqui" a postar vídeo do Youtube no blog...hihihihi)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Um poema do Brandão

Gostei muito desse poema do Brandão (é... aquele "véi-doido-legaldemaisdaconta-bukowskidocerrado" do Martim, do Goiânia Ouro... Acho que a "geração-Martim-Goiânia-Rock-City" conhece mais o Brandão diretor de espaço cultural do que o poeta-Brandão, viu? Ele tem várias parcerias com vários artistas por aí e acho que ele o Gustavo Veiga formam uma dupla danada de boa de compositores tipo Lennon/McCartney ou Richards/Jagger... acho que esse parênteses tá ficando meio grande, viu?), que foi publicado no blog dele na Quinta-feira, 22 de Janeiro de 2009:







Andava meio só
ligado em canções subversivas
perdido em meu urbano
meu humano
meu amigo
a vida, vez em quando, dá um nó
nos gritos de loucura e de perigo.

Andei meio anormal
perdido em funções subjetivas
um raro animal em sua jaula
é só saudades
dos tempos de andar solto nas florestas
dos índios nus e bichos da floresta.

Andei meio sem sal
odiando pessoas, sem sentido
querer viver é tudo: bem e mal
querer morrer é o medo do inimigo.
Meu tempo agora é um som hard core
meu trash metal já morou contigo.

domingo, 25 de janeiro de 2009

"Imoral" gravando batera



Ontem o Pafa, batera do Sindicato e da Orquestra Abstrata, gravou algumas bateras do disco que estamos gravando.

Pafa é um cara singular que traz consigo a experiência e o entusiasmo. Difícil encontrar essas qualidades convivendo num mesmo ser. Esse equilíbrio é muito importante para nos unir, cada vez mais, enquanto "banda"! Sou fã mesmo do Pafa e fico muito feliz por estarmos no mesmo barco! Com certeza a contribuição do Pafa será crucial para o resultado final do disco ("Parte de Nós").


Foi uma aula de bateria observá-lo tocar. É um profissinal, mas com a diferença pois ele "sente" a música- o que é fundamental!- e tem uma visão bem abrangente de todo o processo de criação musical.

Foi um dia muito proveitoso. Lembrei-me de quando entrei lá no estúdio Loop(há uns 3 anos atrás) pra gravar as bateras do The Cretinos, banda que eu tinha com o Erick. E lembrei também de quando fui lá com minha irmã (que, na época, tinha 11- isso por volta de agosto de 2006) para gravar minha primeira demo. Lembrei-me de vários momentos do ano passado da convivência do Sindicato lá naquele espaço. Agora o Rodrigo, do Sapo Verde, também integra esta família, pois está trampando lá também.

Agende sua gravação ou ensaio pelo msn ou pelo telefone:3248-3152



Ah! Lembrei que Pafa também fez um favor pro Erick, meu amigo daqui do Canedo, e tocou umas bateras pra demo dele, pois eu não pude ir na ocasião...

Ressalto que o Pafa é um figura fundamental na história do rock (ou melhor, da música) em Goiânia. Lá no estúdio já passaram de Hang The Superstars a Getsu. E ele mesmo, enquanto músico, já tocou em vários projetos. Depois pretendo escrever, com mais calma, sobre essa trajetória do Pafúncio.

Lembro-me que a primeira vez em que nos "esbarramos" foi em 2004 no munícipio de Paraúna, durane um comício lá, mas não chegamos a conversar na época. A Getsu tocou depois da gente- eu estava lá pra tocar bateria com Erick na banda "Timbêtis".Lembro-me que o vocalista da Getsu cometeu o grave erro de errar o nome da cidade e disse: "Boa noite, Jandaia!". Mas o que mais ficou na minha memória foi a segurança do batera, Pafúncio, que tocou com maestria a interessante batera criada pelo grande Ringo para "Come Togueter"...

Mal sabia eu que aquele baterista, que tocou depois de mim, seria tão importante na minha vida alguns anos depois...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Era Obama


Já era a maldita "Era Bush". (Ah! Como eu queria ter jogado o meu tênis na cabeça do imbecil...)

Hoje começa a "Era Obama"...
Hoje visitei minha vó.
Hoje é um momento histórico também.

Dizem que a esperança é a última que morre. Então: "Sobrevivo"!


e a crise continua...
desemprego
recessão
incerteza

e eu, brasileiro, danço na corda bamba.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Leo Canhoto e Robertinho- visu rockstar no sertanejo


Texto que aparece na descrição da comunidade oficial deles no orkut:




########COMUNIDADE OFICIAL########

O FENÔMENO DA MÚSICA SERTANEJA

Léo Canhoto e Robertinho conheceram-se em 1968 na cidade de Goiânia. Seu grande sucesso é “O Último Julgamento”. Naquela época, as duplas sertanejas eram muito tradicionais, mas eles já usavam cabelos longos, roupas extravagantes e jóias.

Foram eles, também que introduziram instrumentos eletrônicos, revolucionando a música sertaneja. Participaram de vários programas de televisão e se tornaram a primeira dupla caipira a ganhar um disco de ouro pela vendagem de seu LP de estréia.

Em 1977 foram protagonistas de um filme chamado “Chumbo Quente”, escrito por Léo Canhoto. Gravaram 28 discos e já estão com um novo trabalho, o CD lançado e distribuído pela Unimar - Music.

Léo Canhoto é paulista, e Robertinho é de Goiás. Hoje estão radicados em São Paulo, onde recebem o reconhecimento de todas as duplas atuais pelo pioneirismo na área sertaneja.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Goiânia Canto de Ouro 2009




Essa semana já começa o Goiânia Canto de Ouro.
Tocarei lá nos dias 19, 20 e 21 de março!

Abraços!

Saravá!

Nunca ensaiamos tanto com o Sindicatêra!
Compus com o Chelo mais músicas pro Waldi e Redson (nossa dupla sertaneja), com influências de clássicos como o Leo Canhoto e Robertinho.




Ontem passei o fim da tarde com meu amigo Kleuber Garcez, outro parceiro de composição, terminando uma canção. Ele me emprestou o livro do Tim Maia, escrito pelo Nelson Motta, que estou me aventurando na leitura.

E também me emprestou um dvd extremamente emocionante e clássico (Saravah) que tem cenas do Pixinguinha na mesa de um bar com o grande Badem Powel, e outra do sábio Paulinho da Viola sem camisa e da Maria Bethânia bebendo uma cerva com os amigos(chapada e "rachando"). Este documentário espontâneo mostra a música em seu estado natural, foi registrado no mês de fevereiro de 1969 quando o diretor de cinema francês Pierre Barouh desembarcou no Rio de Janeiro disposto a registrar em película momentos de uma música que, embora conhecesse pouco, o fascinava profundamente.
Me chamou a atenção e me levou a pensar muito foi a preciosidade contida nos extras, que mostra uma visita de Barouh ao morro do Cantagalo, no Rio, em 2003, acompanhado do cineasta Walter Salles Junior, na casa do compositor Adão Xalebarada, que diz ter mais de 600 canções. É de arrepiar o talento de Adão e a sua rica visão de mundo. Canta o filósofo do morro: "Vamos parar de brincadeira. A escolástica já fez muita besteira"

Muito louco mesmo! Recomendo. Foi uma das melhores coisas que já vi em dvd.



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Ah! O show em que abriríamos pra Mallu no dia 16, que comentei aqui: será adiado...

sábado, 10 de janeiro de 2009

Disco do Macaco Bong é o Melhor de 2008, pela Rolling Stone


Fiquei muito contente quando vi um post no orkut (Goiania Rock City) com esse título ai!

Saber que alguns brothers integrantes do macaco dormiram lá em casa (na época eu morava em Goiânia, num sobrado atrás do Martim), enquanto gravavam o disco.
interessante que é um disco de música instrumental, mas que traz implicito uma filosofia...

MAIS TRAMPO E MENOS GLAMOUR.


Ontem eu estava na casa de uma amiga, folheando uma revista BRAVO antiga, do ano passado (uma capa com o DYlan na capa) e vi uma matéria muito firmeza com os brothers do Macaco, que encontrei várias vezes pelo Brasil em 2008, nos festivais. Nos vimos em Sp, em Uberlândia, em Goiânia, em Cuiabá e até em Rio Branco-AC.
E lá sempre estavam eles trampando (quando não estavam tocando com o Macaco ou acompanhando a Linha Dura).


Saca só o texto que saiu na RS:



1- Macaco Bong
Artista Igual Pedreiro

Monstro Discos / Fora do Eixo Discos
O primeiro álbum do power trio instrumental de Cuiabá (MT) pode ser considerado um "tudo ao mesmo tempo": conciso, diversificado, pesado e psicodélico, Artista Igual Pedreiro faz total justiça aos shows energéticos e empolgantes que o grupo realizou por todo o território nacional nos últimos meses. Com estruturas típicas do jazz, virtuoses e experimentações na medida, o Macaco Bong mostra maturidade na dosagem de peso e suavidade, angariando fãs e admiradores sem nem ao menos precisar abrir a boca. Uma estréia para entrar na história.




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Em vigesimo lugar tem outra banda independente que lancou um discão ducaralho, a Pata de Elefante. Depois eu comento esse disco, pois fiz umas anotações num caderno que deixei lá em casa (agora tô aqui no ap do Chelo). Olha o texto sobre a Pata (que é uma banda que todos do Sindicato curtem demais!!)



20 - Pata de Elefante
Um Olho no Fósforo, Outro na Agulha

Monstro Discos
Influenciado por trilhas sonoras clássicas e pelo rock setentista, o segundo disco do trio gaúcho prima pela eficiência. O resultado são faixas acessíveis e ao mesmo tempo intrincadas, mas que não pecam pelo excesso ou pela auto-referência. Ainda que instrumental, é rock, direto e de fácil digestão, sem ser exageradamente virtuoso e sem apelar para solos longos demais.





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Depois da uma sacada na lista dos 25 Melhores Discos Nacionais de 2008, em que Artistas e atitudes independentes e o retorno de nomes consagrados dão o tom da lista.




Abraços!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!




(volto pros ensaios...)

Melhor disco do ano????? (para mim e para meu brother Eduardo Kolody...)


Acho complicado estas listas de "melhores". Como eu já cantava na música "Eu (segundo eu mesmo)" há alguns anos atrás:

"POSSO NAO SER O MELHOR, MAS O MELHOR É SER EU".

Minhas opiniões estão sujeitas à mudancas constantes...mas...

Saiu um texto meu e outro do Eduardêra Kolody sobre qual o melhor disco, melhor show e melhor musica do ano no blog do Higor Coutinho , com o titulo SINDIECATO (tem um trocadilho com indie aê).

Bom. quem quiser ler essas opiniões basta ir no link


http://goianiarocknews.blogspot.com/2009/01/voz-do-sindicato.html



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colo o texto aqui:

(abre aspas)


Mas seguindo, o Diego de Moraes (talvez o artista goiano mais comentado em 2008), e o Eduardo Kolody (que lidera a Orquestra Abstrata, e acompanha Diego, como guitarrista d’O Sindicato) revelam suas preferências.



.
Júpiter Maçã - Uma Tarde na Fruteira
Monstro Discos


O melhor disco lançado em 2008 foi o Uma Tarde na Fruteira, do Júpiter Maçã. Mas a verdade é que quem gosta dele já conhecia essas músicas há algum tempo, pelo menos numa versão mais tosca, que circulou amplamente pela internet desde que esse álbum enrolou para ser lançado aqui no Brasil.

Então talvez devêssemos ficar alertas à lição cármica que abre outro disco, e dar devido mérito ao Third do Portishead (que foi duramente criticado como decepcionante durante o ano). Quem estava com saudade do Portishead "fuck music", descobriu que não é mais como se a Beth Gibbons fizesse uma felação com o microfone enquanto a banda toca orquestrações jazzísticas, como nos tempos do Roseland, NYC. No entanto, o que compor quando se alcança tamanho reconhecimento com apenas dois álbuns de estúdio?

Dez anos depois, o Portishead ainda manteve sua essência, marca de qualidade; fez um disco com personalidade, que não imita o período áureo da banda e também não se entrega a nenhuma hype electro-boba do momento. Se talvez o trip hop desenvolvido pelo grupo não seja mais tão (hip)hop quanto em Dummy, certamente nunca conteve tanta trip. As viagens da banda estão repletas de atmosferas sombrias e (in)tensas, se utilizando de vários timbres vintage captados de sintetizadores analógicos e amplificadores antigos, além de sessões rítmicas hipnóticas, cheias de ecos e tambores. Geoff Barrow continua mostrando que a criatividade é o único limite da música, fazendo com que o misterioso Portishead consiga soar eletrônico e orgânico ao mesmo tempo, e mostrando que psicodelia não tem necessariamente nada a ver com fadas e duendes.

Agora a trilogia está completa.


É quase impossível escolher uma melhor música, visto que uma boa banda geralmente lança pelo menos três por álbum, mas eu fico com Marta, da banda gaúcha Pata de Elefante. Quem já viu o grupo tocando ao vivo entende porque eles são uma das melhores banda de rock do país. O som é cru, mas suas músicas são construídas com um feeling harmônico quase insuperável. Não é fácil fazer rock sem letra pra pirar e bater cabeça.

Os melhores shows que eu vi esse ano foram o Skatalites e o The Doors (o Jim Morrison devia estar presente em espírito, porque a banda quebrou tudo). Todo músico deveria almejar chegar aos sessenta / setenta anos de idade com a disposição que esses caras têm pra tocar.


Eduardo Kolody é Músico, produtor e guitarrista em vagas horas






Beck - Modern Guilt
Interscope Records

É complicado apontar um único disco como o “melhor” do ano. Até porque tenho uma grande lista de discos que ainda pretendo ouvir. Sem falar que tem vários álbuns que me “tocaram”, como os dois que o Tom Zé lançou esse ano, ressaltando sua homenagem irreverente à criação de João Gilberto. Além disso tivemos 2 (mais que) esperados lançamentos instrumentais de bandas do meio independente já “louvadas”: Macaco Bong e Pata de Elefante.


E tem também o fantástico Uma tarde na fruteira, do Júpiter Maçã, que foi lançado, oficialmente, esse ano (mas que já comentei aqui nesse mesmo blog [na enquete dos melhores de 2007], no ano passado, quando já havia “vazado” na net...). Mas se tem um disco que fez minha cabeça esse ano foi o Modern Guilt do Beck. É muito bom saber que tem um cara brilhante como esse tal de Beck Hansen aí na ativa, sempre a impressionar e convencendo pelo próprio som (ao contrário de outros que usam outros meios para “chamar a atenção”) e por suas letras, cada vez mais existenciais e melancólicas . Este é um álbum fruto do mundo contemporâneo, mas que dialoga com várias referências do passado (como as influências rítmicas e melódicas sessentistas dos Beach Boys) e um pouco menos esquizofrênico que outros discos de Beck, ainda que retome muitos elementos de sua obra, como o aspecto eletrônico latente.


Nesse disco (um dos melhores dessa primeira década do século XXI, na minha opinião) Beck conseguiu, juntamente com o produtor Danger Mouse, um resultado coerente, com uma certa sonoridade que perpassa todo o disco, embora aponte, como sempre faz, para várias direções (dificultando assim o trabalho de quem tenta defini-lo): minimalismo, experimentalismo, momentos obscuros e outros mais animados, dançantes... tudo misturado num caldeirão sonoro hipnótico. Destaque para o vocal na faixa título, para a melodia e para bateria de “Chemtrails” e para a intimista “Volcano”, que fecha o disco de forma sublime. A madura e forte “Soul of a Man” é uma das minhas faixas favoritas.


Achei um disco instigante que em 10 faixas curtas (comparadas ao que o Beck geralmente faz) esbanja sutileza nos detalhes. Um belo disco pra se ouvir com paciência e, de preferência, no fone de ouvido. Não vou dizer que ele é genial, pois não quero chover no molhado! Ainda estou “(Re)descobrindo-o” calmamente...


O melhor show que vi: Muse e Instituto toca Tim Maia foram, simplesmente, “ducaralho”!

Mas acho que o show que mais emocionou e que mais “fritou a minha mente” foi o do Arrigo Barnabé e do Patife Band na Caixa Cultural, em Brasília. Sensacional! Por causa desse novo formato do show do Arrigo, mais voltado para o piano... estou curioso pra ouvir o cd Arrigo Barnabé & Paulo Braga - Ao vivo, em Porto.


Melhor música do ano? Prefiro não responder.... Não sei. Devo confessar que nos últimos meses não ouvi muito esse revisionismo do folk (continuei no Neil Young do Harvest ao invés de escutar o primeiro da Mallu ou o Zé Ramalho cantando Dylan). Então não sou a pessoa mais apropriada para falar sobre 2008, né?


Pro mundo deve ter sido "I Kissed A Girl" da Katy Perry, né? Achei muito boa a “João Nos Tribunais”, do Tom Zé, por ser a homenagem mais irreverente e “didática” (típico do Tom Zé...) à criação de João Gilberto.


Diego De Moraes é cantor e compositor.




(fecha aspas)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

no jornal FOLHA DO ESTADO, em 06/01/2009

Outra notícia boa (que recebi da minha amigona Sika, por orkut):

ontem fomos capa do caderno de cultura no jornal Folha do Estado, em Cuiabá:


Estamos na segunda compilação Loaded: "Um Dia Tudo Isso Vai Fazer Sentido!"

Hoje tive uma tarde maravilhosa no estúdio...
uma péssima notícia no começo da noite
e
Recebi esta boa notícia por email:


(abre aspas)


"

Pessoas,

Está disponível para baixar a segunda compilação Loaded: "Um Dia Tudo Isso Vai Fazer Sentido!"
São 14 bandas dos mais variados cantos da nação (e uma na gringa) que representam com altivez o que de melhor tem sido feito na "nova música brasileira". Os nomes variam de raladores com mais tempo na cena independente até joviais em busca do sol, porém todos representantes da efervescência cultural de tempos modernos pós-rádios-jabazentas.

Diversão garantida ou seus bites de volta. De grátis, com capa e tudo no www.loaded-e-zine.net

Saque:

SNOOZE - Life's Gonna Hit
(a banda sergipana faz cover inédito da paulista Pin-Ups)

SWEET FANNY ADAMS - C'mon Girl
(a Recife pós-mangue beat também pode ter guitarras geniais)

THE TAMBORINES - Come Together
(from U.K. uma banda brasileira que o Brasil precisa ouvir mais)

THE BAD FOLKS - Cerebellum & CO
(enquanto o país descobre o folk com os neo-folks, os curitibanos já faziam good folks há um bom tempo)

RELESPÚBLICA - Homem Bomba
(na minha reles opnião, é de Curitiba um dos melhores power trios do país)

CAROLINA DIZ - Canção Para Animais Modernos
(Carolina Diz canta, recita e também faz dançar animais modernos. A faixa é parceria com outros mineiros: o Paralaxe)

PORCAS BORBOLETAS - Waldisney
(...do triângulo da bermudas mineiro: Porcas Borboletas é um dos melhores parques de diversões da cena)

DIEGO DE MORAES E O SINDICATO - Amigo
(o fabuloso destino do cuiabano radicado em Goiânia e seus asseclas)

OS AMBERVISIONS - Mucama Maldita
(de Floripa, a maior banda de surf caveira do mundo)

VENUS VOLTS - In Gold We Trust
(de Campinas vem uma banda que sempre acreditamos)

DROOGIES - Belinasty (Alex de Large tem discípulos arruaceiros em Londrina)

REVOLTZ - Lotus 123 (a multifacetada e plural Revoltz de SP, RS, MT e MS)

TELERAMA - Arsenal ("nerd-rock" dos sentimentais demais de Fortaleza)



Pegue a sua e mande pegar em www.loaded-e-zine.net.

Sds.

LOADED E-ZINE"


(fecha aspas)

domingo, 4 de janeiro de 2009

Um mala arrumando as malas


O mala aqui está arrumando as malas pra voltar pro Canedão.

Amanhã volto pra segundona braba de trampo. Mas relativamente descansado de um período de reflexão. Grandes momentos entre os amigos e os familiares. E outros bonitos momentos só- regados de muito robertão, cilibrinas do éden, luiz tatit, paulinho da viola, zappa, kinks, soft machine, kevin ayers, etc.
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sempre...
Tentando esquecer
tentando lembrar
tentando
tentado

Agora escuto o Robertão cantar a ironia do Caetano do exílio:

"Tudo certo como
Dois e dois são cinco..."





Abraços!


Diego de "Goiais"

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Feliz ano nove!




(foto que documenta eu em novembro de 2007. Por: Fred Leão)



O ano que vem já chegou!
Misto de melancolia e esperança em meu coraçãozinho.

Mas o ano já começou com boas notícias (apesar da "crise" constante...):

1- semana que vem começamos o processo da gravação do disco do Diego de Moraes e o Sindicato

2- show dia 16 de janeiro - no Teatro Rio Vermelho, em Goiânia: abertura para a Mallu Magalhães, confirmado!‏

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Comprei um livro que há tempos queria ter lido, mas só agora pude comprar. É o "Lembranças de Lennon", que traz na íntegra uma polêmica entrevista do egocêntrico Lennon à Rolling Stone. Depois que terminar de ler: comento aqui.

Tambem me dei de presente os números 5, 6 e 7 da Antologia da Chiclete com Banana do Angeli (segundo o Millôr, Angeli é "anagrama perfeito de genial"). Lembro-me de quando tocamos no lançamento do filme Wood & Stock (Foi péssimo, pois não tinha batera na época e estava um clima estranhaço. Foi na Jump, uma ex-boate-gay de Goiânia!).



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Hoje chorei escutando a "Dança da Solidão" do Paulinho, faixa título do lindo disco de 72.