sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

múltiplos comuns

na brisa,

li camus

sem cami-

sa


eu era um

estranho estrangeiro

ali no litoral,

sem dinheiro.


ali

no

lit

oral,

aline in

venta

e desfolha a poesia.


ali

na

brisa

aline é uma brasa,

mora? na filosofia


pra quê

rio,

mar,

amor

e dor?



######


[começou daqui:

"youtube tupy: pequi em Pequim

youtube tupy: caqui com Camus"


de twitts de

diego de moraes campos (D D M C)

&

marcos mendes caiado (M M C): @marcoscaiado

( http://www.marcoscaiado.blogger.com.br/ )


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Deu no "The Guardian"!


O presente que a vida me deu neste fim de ano

foi minha música "Amigo"

ter entrado na lista de melhores de dezembro através do mundo

do jornal de Londres "The Guardian":

http://goianiarocknews.blogspot.com/2010/12/culture-music-new-music-badge-music.html

Aqui o link do The Guardian:

http://www.guardian.co.uk/music/musicblog/2010/dec/15/dec...



Nunca pensei que esta canção
que fiz nesse quarto, aqui no Canedão, fosse ter essa repercussão...

É desta música que saiu o título "PARTE DE NÓS" do cd do Diego e O Sindicato.

Muito obrigado à banda,
à todos que acompanham e dão força
e até às críticas, pois elas fazem parte do processo!


É nóis!

Abração!



domingo, 26 de dezembro de 2010

“Não sei porque eu tô tão feliz”


O Papai Noel da Coca-Cola não trouxe a felicidade (como vimos na minha crônica da semana passada sobre o suicida Assis Valente). Então, aproveito a áurea de ressaca do dia de hoje para falar sobre a felicidade, a partir da canção mais engraçada, mais melancólica e mais irônica sobre este tema. A música “Felicidade” [feliz achado do professor-compositor Luiz Tatit, gênio da palavra (cantada, escrita e falada)] é ideal (real) pra se ouvir em momentos de reflexão. Querido leitor ou leitora, não quero estragar os resquícios de sua festança natalina, só quero lhe convidar para rir comigo de nossa tragédia humana, nestes dias em que a cabeça gira entre o ano que se finda e o ano anunciado. Antes de continuar a leitura... vá lá no youtube, digite: “Luiz Tatit, Felicidade” (ou procure o lindo cd com esta faixa-título) e ouça com atenção, sem moderação, esta pérola patético-poética.

Pronto? Já fez o sugerido? Agora, podemos prosseguir na prosa. É provável que você esteja folheando o jornal, aí agora, na casa da sogra – ou do genro, ou do filho, ou do pai, ou na sua própria residência, ou de um amigo qualquer – neste dia de Falso Silva. Não importa. O que importa é que muitos devem se reunir com seu clã, no almoço deste domingo feliz pós-ceia. Torço para que esteja tudo certo por aí. Sem aquelas discussões bestas de família; sem farpas no ar; sem aquela hipocrisia comum de fim de ano; sem um presente indesejado de amigo-secreto; sem nenhum coma alcoólico e sem morte na estrada. Sem nenhum desses itens previsíveis, enquanto fenômenos sociais, nesse período. Votos de felicidade. Tomara que sua família seja a exceção para confirmar a regra. E, assim, enfim, tomara que aí ocorram, realmente, “boas” festas!

Mas, se porventura, apesar da “noite feliz”, no fim deste último domingo de 2010 (um ano nem tão nota 10 assim), bater uma melancolia (visto que fim de domingo é, normalmente, entristecedor)... lembre-se de outra canção (daquele sucesso na voz de Odair José):“Felicidade não existe/ O que existe na vida são momentos felizes”. É isso. Nietzsche completaria: “O homem que não consegue se colocar no limiar do instante, não saberá o que é a felicidade”. Devo, portanto, me contentar com o fato da utopia da felicidade plena ser uma besteira e saber que só se pode “estar” feliz. Acontece que, mesmo no “limiar do instante”, no meio da festa, pode bater o sentimento de solidão e a consciência da ausência. Na solidão, o eu - lírico da canção “Felicidade” faz ainda mais sentido. É o momento reflexivo sobre (se há) os motivos de fato para a tal da felicidade... “A busca de uma razão me deu dor de cabeça, acabou comigo”...

Esta música cômica e trágica do Tatit é uma composição perfeita a partir de uma situação de imperfeição, ironizada na contradição entre a poderosa letra, “feliz”, e a melodia triste, entoada pela vozinha frágil. Cada palavra, uma paulada. Cada rima, no lugar certo. Cada acorde, tijolo de uma atmosfera intrincada. Cada frase, sentido exato no todo do texto. Quem nunca esteve feliz para esconder, no fundo, uma infelicidade? Por mim, “Felicidade” poderia ser um hino nacional alternativo – desse país cansado de ser o “país do futuro”, cheio de gente “sem dinheiro, sem comida e feliz da vida” e com muitos frustrados pensando: “Não sei o que que foi que eu fiz pra merecer estar radiante de felicidade/ Mais fácil ver o que eu não fiz, fiz muito pouca coisa aqui pra minha idade/ Não me dediquei a nada/ Tudo eu fiz pela metade/ Por que então tanta felicidade?”

Que venha a felicidade, no ano que vem! E, de novo, “feliz ano novo”...


[ publicado no jornal Diário da Manhã ]

domingo, 19 de dezembro de 2010

O suicídio de Assis Valente e o Papai Noel da Coca-Cola


“Anoiteceu. O sino gemeu. A gente ficou feliz a rezar. Papai Noel vê se você tem a felicidade pra você me dar. Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel. Bem assim felicidade, eu pensei que fosse uma brincadeira de papel. Já faz tempo que pedi, mas o meu Papai Noel não vem. Com certeza já morreu ou então felicidade é brinquedo que não tem.”

Estes versos melancólicos, do clássico Boas Festas, fazem parte do imaginário popular brasileiro. Parece folclore, nem parece fruto da imaginação de um compositor. Assis Valente compôs este hino no Natal de 1932, quando morava em Icaraí (Niterói), longe de sua família. No quarto, em um momento de profunda tristeza, veio a inspiração, ao ver na parede um quadro de uma menina dormindo com um sapatinho ao lado. Ali, na solidão, ele imaginava a cena contraditória: pessoas “felizes a rezar”, junto com a súplica pela felicidade. Era a contradição de Assis Valente, entre a piada e a depressão: homossexual em uma sociedade machista, negro em um país racista, ia “cantando, fingindo alegria”. Boas Festas, gravada em 1933, por Carlos Galhardo, com o acompanhamento dos Diabos do Céu – conjunto de Pixinguinha –, além de se tornar um grande sucesso popular, também revelava aquele talento, que depois diria: “Papai Noel não tinha vindo, mas eu havia ganho um presente: a melhor de minhas composições”.

Após o sucesso desta música, Assis Valente passa a ser reconhecido como um brilhante cronista de sua época, retratando o cenário carioca de crescimento urbano, através de suas canções. Valorizando a cultura nacional (como em Brasil Pandeiro), experimentou a fama nos anos 30 e 40, quando foi procurado por vários cantores. A vida boêmia do Rio de Janeiro inspiraria muitas de suas músicas marcadas pela crítica social bem humorada – como Camisa Listrada (sucesso na voz de Carmen Miranda). Amigos, bebida, fama... “Salve o prazer!”

Mas ele sabia que nem todos são filhos de Papai Noel. A lenda do bispo São Nicolau (o bom velhinho que deixava um saquinho com moedas para os pobres) tinha sido, em 1931 (um ano antes de Boas Festas), usada em uma campanha publicitária, que também marcou o imaginário popular. Era a campanha natalina da Coca-Cola, que se utilizava da imagem do velhinho caridoso (criada por um cartunista alemão do século XIX) para espalhar pelo mundo o vermelho da empresa e um modo de vida. Este Papai Noel (bem definido pela banda punk Garotos Podres, como “porco capitalista que presenteia os ricos e cospe nos pobres”) não podia trazer a felicidade para Assis Valente.

Desiludido com o Papai Noel (que “com certeza já morreu”), a partir de 1940, Assis assistia a queda do sucesso e a depressão se agravar. Em uma de suas tentativas de suicídio, se jogou do Corcovado; mas foi salvo pelos bombeiros, que tiraram-lhe de uma árvore. Nos anos 50, torna-se uma figura praticamente esquecida. Angustiado e solitário, protagonizava uma vida repleta de ironias e ambigüidades. Valente, aquele que cuidava de sorrisos em um laboratório de prótese dentária; que foi comediante de circo na infância; que fez tanta gente rir com seus sambas engraçados; que compôs a nossa trilha sonora da ceia de 25 de dezembro... decidia por dar o fim em sua própria vida. O ano era 1958, o “ano da bossa nova” (ritmo que embalava a esperança dos tempos JK). Assis Valente se matava, ingerindo formicida com guaraná, no fim da tarde de 10 de março daquele ano. O Papai Noel da Coca-Cola não trouxe a felicidade.


[ publicado no jornal Diário da Manhã ]

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pó de Ser no Violada (1º Festival de Música Caipira e Rock Rural de Goiânia)!!!

Ó que flyer bunitão:



Cê já tá sabendo do Violada, que vai rolar nesta quinta e sexta? Não?
Quinta, na Taberna do Ogro
e sexta no Goiânia Ouro.
Vai ser timbre do bão!

Saque a programação da sexta, dia 17
18h:

Avaré e Jataí
Space Truck
Domá da Conceição
Os Cara e
Pó de Ser


Ingresso: 5 reais.

Acessem: www.violada.org
O festival é organizado pela Mosaico e Só-Ré Produções


Simbóra moçada!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Waldi & Redson: “um tornado em minha vida”

Estrada Goiânia-Uberlândia, 04 de dezembro, sol rachando, caminho para o sucesso.

João Dinheiro no volante e no banco de trás, Waldi e Miguel Navalha, preocupados se chegariam a tempo para uma entrevista na TV de Uberlândia, na hora do almoço. João pisava no acelerador, atravessava o Rio Paranaíba e se sentia numa cena do filme “Estrada da Vida”.

Chegaram. Waldi, bandoleiro do Canedo, se encontrou com o violeiro da Babilônia, Redson, seu parceiro de modas e chateações. Aqueceram o gógó com uma pequena dose de cachaça e foram para o complexo global de Berlândia (MGTV). Como o estúdio só suportava 3 integrantes mais a apresentadora e os câmeras, o baixista João Dinheiro foi tirar um cochilo na casa da senhora sua mãe.

Antes de começar a entrevista, a apresentadora queria entender o que era a dupla – se era rock ou sertanejo universitário. Não era nem uma coisa, nem outra. Eram dois discípulos junkies de Léo Canhoto e Robertinho, tocando a verdade doída de suas vidas, nos acordes de suas canções rancheiras. Chegaram a proibir Waldi de aparecer com seus óculos escuros, pois consideravam isso um desrespeito com o telespectador. Nem que ele fosse o Waldik Soriano ou o Zé Rico! Logo, a dupla entenderia que a jornalista não entendeu, quando fez a chamada: “banda de rock com nome de dupla sertaneja”. Tudo bem. O que importava era mostrar a sonzeira para os corações apaixonados das redondezas. Tocaram um trecho de “Trêta Timbrêra”, clássico que conta um pouco da história da dupla.

Da TV foram para uma tarde de autógrafos pelas padarias, botecos e esquinas da cidade. Depois de uma noite de festança, graças aos seus 15 minutos de fama, dormiram sonhando com o show que os consagrariam na tarde do domingo seguinte. Após acordarem, comeram pão de queijo mineiro, trazido de Araguari pelo empresário Luciano Aparecido e partiram para o ensaio dominical, com seus grandes sucessos: “FOB (Fura Olho de Brother)”, “Boi Araújo”, “Minha florzona” e outras pérolas que podem ser escutadas em: www.myspace.com/waldieredson .

No hotel, Waldi & Redson e banda, foram surpreendidos, novamente, por fãs enlouquecidas para tirarem, pelo menos, uma foto. Atenderam gentilmente a todas, entraram na vanzinha e vazaram para a praça onde aconteceria, logo mais, o esperado show. Pelo vidro da van, o baterista Barrabás percebeu a aglomeração de pessoas em torno do palco, gritando: “Ah... Minha Vida Empanzinada”. Miguel Navalha coçou a barba e pensou: “É... vai timbrar!”.

A um passo de alcançarem o auge do sucesso, após subirem os degraus do palco, prestes ao início do espetáculo... um forte vento refresca os cangotes suados dos nossos heróis. Miguel Navalha diz: “timbrô!”. E o céu diz: “TIBRUM!!!”. E não é que timbrou, trovejou e encharcou? Depois dos 15 minutos de fama, era a hora dos minutos de LAMA. Em 2 segundos Waldi estava totalmente molhado. Redson tentava proteger sua viola, seus dreads, sua escaleta, sua guitara e... principalmente, sua vida. A bateria de Barrabás era arrastada pelo vento. João Dinheiro, apedrejado pelos granizos, via muitos da platéia subirem no palco, tentando se salvar. Enquanto Miguel Navalha assistia, de camarote, seus investimentos musicais indo para o ralo. A luta pela sobrevivência no olho do furacão! A impotência humana diante do show da natureza! Era água, vento e granizo que não acabava mais! A água da chuva se misturava às lágrimas da dupla e de seu público! Catástrofe! Cataclisma! Absurdo! Inacreditável! Onde estaria a Arca de Noé? Seria o Apocalipse?

De repente, tudo vai se acalmando aos poucos e Waldi começa a rir, sem entender e sem saber que os equipamentos estavam praticamente arruinados. Ruína! O show da natureza, arrasando quarteirões, com participação do Tony Tornado (batizado por Danislau), havia destruído o sonho (de fama, dinheiro e mulheres) dos dois meninos do Ranchinho dos Ipês. Se secando, a dupla olhou para o horizonte cinza, ergueu a cabeça e prometeu voltar àquela cidade em um dia lindo de sol, para tocar os sucessos prometidos aos vivos na TV.

Estrada Uberlândia-Goiânia, 05 de dezembro, noite alta, vida empanzinada.


[publicado no jornal Diário da Manhã]

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Waldi & Redson + Tony Tornado

Waldi & Redson + Tony Tornado
documentado por nosso brother/ídolo @danislau:

clique na imagem

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Pó de Ser no lançamento da RADIO GRAFIA (11/12)!

Altas bandas no lançamento da coletânea RADIO GRAFIA!
Inclusive, o Pó de Ser
(que faz uma "música dodeCAFONA")...
saque um pouco desse universo em: www.myspace.com/podeser

Vamos no "Recanto dos Ipês" no sabadão, então?
Igressos comigo no meu email: diegoleigo@gmail.com



Vídeo de divulgação:

domingo, 5 de dezembro de 2010

Hoje é dia de ouvir John Lennon (Parte 2 )


Na próxima quarta-feira completa 30 anos que Lennon vive em sua obra. Vai o homem e fica o nome. A obra é o que sobra.Vem a morte e fica a arte. John ONO Lennon vive.

Já escrevi sobre John aqui neste espaço, no dia do show do Paul. Decidi falar novamente, mais um pouquinho, desse tema inesgotável. Olhando a capa do clássico disco Plastic Ono Band (que uso como imagem de fundo na área de trabalho do meu computador) vejo uma bela foto de John, no colo de Yoko, embaixo de uma grande árvore. Foto confortante para um disco desconcertante. Impactante.

Esse disco, altamente confessional, completa 40 anos de aniversário. Uma obra de arte maior, por ser totalmente pessoal e ainda revelar angústias de uma época, por ser datado e manter a atualidade com o passar do tempo, por ser um homem e o mundo, simultaneamente. O disco começa com a psicanalítica Mother (que acaba, com gritos primais, implorando: “mamãe não se vá, papai volte para casa”) e conclue com: “mamãe está morta”. Constituído por várias pérolas, traz vários lados (embora, fisicamente, só tenha dois) e, mesmo assim, ainda mantém uma unidade conceitual: do lado político-irônico de Working Class Hero, passando pela singela-romântica Love e chegando na polêmica-emblemática God.

Na minha cabeça, os anos 70 nascem com a canção God (ao lado de Won’t Get Fooled Again, do The Who), com toda a sua carga de desilusão. Em sua lista iconoclasta, John sentencia: “não acredito nos Beatles”. Naquele momento, ele só acreditava nele (aliás nele e na Yoko). Em God todos os mitos vão por água abaixo. Em God é lançada uma provocação que até hoje angustia: “O sonho acabou”.

Porém, como meu avô sempre dizia: “o homem nasce, cresce, reproduz, pára de sonhar, entristece e morre”. Logo o decreto do “fim das utopias” não pode ser definitivo, pois uma das maiores características do humano é ser um ser-em-projeto, ou seja, um ser que sempre se lança para além de si, na dimensão do futuro, a partir de sua circunstância. O próprio John, depois de God, legaria ao mundo a utópica Imagine – com seu pacifismo altamente subversivo. “Imagine um mundo sem religiões” é uma frase que permanece polêmica. E o convite a imaginar um outro mundo merece sempre ser lançado no ar.

Mas, voltando à God, é bom sublinhar que o compositor brasileiro Taiguara (uma das grandes vítimas da ditadura), em 1972, discordava de John. No disco “Taiguara, piano e viola”, o lado 1 começava com a faixa Teu Sonho Não Acabou. E terminava esse mesmo lado com a bela canção Rua dos Ingleses, em que há uma explícita briga com God. Em defesa de Deus, cantava Taiguara: “Deus NÃO é um conceito com o qual medimos a nossa dor”. Mas, lembremos da mensagem do apóstolo Paulo: “Quando eu sou fraco é que eu sou forte”...

Quando lançava o Plastic Ono Band, o palhaço-chateado John Lennon (...


...) disse, na antológica entrevista que deu para Jann S. Wenner da revista Rolling Stone, em 1971, que sempre escreveu sobre ele mesmo. In My Life, I’m a Loser, Help e Strawberry Fields eram gravações totalmente pessoais, biográficas. Na sua singularidade o homem John Ono Lennon, universalizava o pedido de “socorro” de muitos homens. E mulheres também, ao cantar que “a mulher é o escravo do mundo”. O “working classe hero” John Lennon cuspia no mundo que o evidenciava enquanto artista, com a sua arte, levando suas próprias contradições ao extremo, consciente de que a obra é o que sobra.

Hoje é dia de colocar a música de John Lennon para tocar na vitrola. E, mesmo que o sonho tenha acabado, uma coisa é fato: o som continua aí...



(publicado no jornal Diário da Manhã)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Waldi & Redson em Uberlândia! Arte na Praça especial UdiRock !


No domingão
tem nóis do Waldi & Redson ( www.myspace.com/waldieredson )
em Berlândia!
Bão dimais da conta, sô!

Arte na Praça especial UdiRock ( http://udirock.blogspot.com/ )!


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Diego e O Sindicato + Ultravespa, no El Club! 02/12 (Quinta)!



02/12

Ultravespa + Diego e O Sindicato
+ Dj's Gloom


entrada: R$ 15
às 22h
no El Club ( http://elclub.com.br/ )
proibida a entrada de menores de 18 anos.

domingo, 28 de novembro de 2010

O Rio de Janeiro continua lindo

Alô? Seu Antônio? Como o senhor tá?

Aqui eu vou “empurrando” (como o senhor diz... não rola de ir “levando”, né?). Tô ligando pra saber notícias daí, de vocês. Fiquei muito preocupado ao ver no jornal que aí no Rio a coisa tá, literalmente, pegando fogo! Me preocupei, pois lembrei da dona Rita acordando às 5 da matina, pra evitar congestionamento no ônibus, a caminho do trabalho.

E essa violência por causa da “pacificação”... esses incêndios todos... será que é, realmente, uma situação temporária, de transição? E os inocentes, vítimas desse cenário de guerra, que não aparecem na mídia? Será que esse terror é apenas temor dos traficantes perdendo o poder; ou é só o Estado afirmando seu “monopólio da violência”? Se, antes, o senhor já não gostava de sair de casa... imagina agora, nesse momento de pânico nas ruas... o senhor deve estar pensando: “Ih, caramba!” Torço pra que esta situação, caótica, se resolva ou amenize, logo. Como canta Jorge Ben naquela canção: “eu vou torcer pela paz, pela alegria, pelo amor, pelas moças bonitas eu vou torcer, eu vou”. Assim como também fico aqui torcendo pra que o senhor ganhe na loteria, com aquele mesmo jogo (a sua “poupança”) que o senhor joga desde 1985.

O senhor, que é avô do meu amigo Erick, me recebeu muito bem nas férias de julho, quando estive aí em Belford Roxo (a comunidade com mais igrejas no Brasil!). Aliás, além de mim, também recebeu meus amigos, Thiagão e Nathália, mais a minha namorada, Camila. E nos tratou como se fôssemos seus netos. Lembro do senhor acordando às 5 pra fazer o café pra gente. Também lembro de quando chegávamos, à noite, da faculdade; e o senhor mais a dona Rita nos esperava pra janta, jogando baralho. “Não precisavam se incomodar”, dizíamos; mas fizeram questão de tratar-nos bem, com alegria, com seus sorrisos espontâneos, verdadeiros. Eu nem sei como agradecer! Não esqueço o que o senhor disse pro Thiagão: “se é amigo do meu neto... então também é meu amigo”. Não sei quem foi que disse que os nossos amigos formam a família que podemos escolher. Pra mim, é uma grande honra ser seu amigo!

E a dona Rita? Como vai? Ela é um exemplo de uma mulher guerreira! Vou mandar, pelo correio, umas caricaturas pra coleção de charges do Chico Caruso, que ela faz dos recortes de jornal. Não me esqueço dela colocando na vitrola os vinis do grande Paulo Sérgio. Vocês dois formam o casal mais lindo que já vi, viu? Não me esqueço daquele peixe que o senhor preparou pra gente. Não me esqueço das prosas, das suas piadas e do seu jeito único de contar histórias. Sem dúvida, a melhor parte desta viagem foi a das nossas prosas, seu Antônio.

Quando estive aí, em julho, foi por causa de um congresso da faculdade e pra recolher documentos da minha pesquisa, sobre um filósofo brasileiro, o Álvaro Vieira Pinto. Para este pensador o diálogo é condição existencial da realidade humana, que dele precisa pra se fazer a si mesma, e de exercê-lo no âmbito comunitário, com interlocutores reais e sobre temas objetivos. Vieira Pinto dizia que o homem não existe sem a comunicação que constitui pra a sua consciência meio indispensável à compreensão da objetividade. E ainda completava que só no âmbito da comunicação existencial é que a prática se torna fundamento da verdade, pois não é na experiência pessoal isolada, mas na experiência enquanto compartilhada com outro, que se estatui o vínculo de conhecimento entre o pensar e o ser.

Desta forma, aprendemos mais na casa do senhor, dialogando, ouvindo sobre sua experiência de vida, com seu exemplo de humanidade, com seu bom humor pra enfrentar as adversidades da vida; do que com a burocracia dos procedimentos acadêmicos. A sua residência foi um espaço muito mais instrutivo, e instigante, do que o congresso universitário. Bem que o Erick diz: “meu único ídolo é o meu avô”. Preciso dizer pra ele: “seu avô é um grande professor... e um pensador!”

Estamos esperando o senhor aqui, pro senhor conhecer seu neto John – meu afilhado. Ele tá lindão e mês que vem já faz 2 anos. Logo, logo, vai estar abalando o coração da mulherada! Eu, o Erick e o Thiagão estamos te esperando aqui, pra jogarmos um baralho, tomarmos umas brejas (ou “lambermos uma gelada”, como o senhor diz) e rirmos da vida. E torço pra que o Rio de Janeiro continue lindo, indo... rindo!

Opa! Meu cartão tá acabando. Fica com Deus também... Aquele abraço!



(publicado no jornal Diário da Manhã)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Hoje é dia de ouvir John Lennon!



Me lembrei do exato momento em que eu, no auge dos meus 9 anos, descobri um vinil de uma coletânea de sucessos (o Shafed Fish) do John Lennon, na casa de um tio meu aqui do Canedo. Gravei aquelas músicas em uma fitinha K7 e ficava, durante horas e horas, ouvindo no meu velho radinho de pilha. Ah, aquelas canções que, não sei porque, me emocionavam profundamente, mesmo eu não entendendo nada das letras! Depois, quando eu soube o significado, aquilo fez ainda mais sentido! Me apaixonei primeiro por Lennon e depois por Beatles. “Naquela época” eu não tinha a internet pra garimpar sons, por isso curtia ao limite cada música. Ainda tento, na medida do possível, fazer isso; mas, hoje, na nossa bela época de excessos, é cada vez mais difícil descrever as sensações maravilhosas advindas do meu remoto radinho de pilha, minha ilha imaginário-sonora, uma maravilha. Não quero, porém, ser saudosista (não tem esse papo de “no meu tempo”, pois meu tempo é quando eu estiver vivo), ainda mais ao lembrar de quando a pilha estava para acabar e
a Têtê Espíndola começava a virar Nelson Golçalves...Mas só tô falando do meu velho radinho de pilha pra dizer que, desde “aquela época remota”, me posiciono, na velha questão sobre o “beatle favorito”, na louvação do John Lennon.

Sei que hoje eu deveria falar sobre “Sir McCartney no Brasil”. Mas decidi falar de Lennon, posso? Alguns dos meus amigos hoje, ou amanhã, estarão lá na fila para ver o Sir Paul. Estive a um passo de estar nesse show. Tudo bem, sem ressentimento. Verei o show do conforto da minha sala, comendo pipoca com guaraná. “Ah, mas estar lá será uma experiência mágica, única, na vida, de ver um beatle (ao) vivo”, me cutucam. Me confortarei dizendo para os meus netos que vi os Stones em Copacabana. “Ah... mas os Beatles são maiores os Stones”, me diz um chato de galocha. Ok... Chega! Entendi! Tá bom, sei que vou amargar pelos restos dos meus dias aqui na Terra por não estar lá.

Mas, convenhamos, apesar de achar lindo a multidão sintonizada na idéia de “All you need is love”, sei (aqui na minha realidade concreta e individual, determinada socialmente) que, nesse nosso “mundo imundo”: “All you need is money” (Zappa sempre está certo, meu caro!). Então, mesmo contra a minha vontade mais profunda, preciso manter os pés no chão. Por isso preferi não comprometer financeiramente meu fim de ano com um feitichismo beatlemaníaco. Sem falar que estou em um momento da minha vida em que preciso me concentrar na minha dissertação – e escrever dói. Então, prefiro fazer minha terapia ocupacional, escrevendo nesse espaço minha declaração de amor ao John. Quem sabe assim, eu consiga viver essa semana com mais tranquilidade, diminuir a probabilidade de um câncer, concentrar em minha dissertação e economizar minhas moedinhas – já que sou apenas um “working class crazy”.

Li uma matéria dizendo que Paul cantará “Here Today”, canção de amor ele que fez para John. Além de ser uma homenagem póstuma, é uma trégua nas brigas musicais dos dois gênios. Lembremos que, na época do ressentimento de Lennon, nos anos 70, ele escreveu, para McCartney, na polêmica “How do you sleep?” : “The only thing you done was Yesterday”( A única coisa que você fez foi Yesterday). Tretas,tretas, tretas...

Uma vez uma amiga me deu um cd, com com a discografia do Paul, escrito: “Mais que um inglesinho”. Foi aí que conheci o lindo disco “RAM” , da carreira solo do Sir. Concordo que, tecnicamente, o Paul é melhor, compôs melodias mais sofisticadas, consegue cantar e tocar aquele baixo monstruoso. Mas foi o John que, lançou a frase “The Dream is over”, foi o subversivo pacificista John que “imaginou um mundo sem países e religiões”. John conseguiu, em sua carreira solo, se desvincular esteticamente mais dos Beatles do que o Paul. John assumiu o ofício de ser “o palhaço do mundo” (como ele mesmo disse). E acho que o valor de um artista está mais nas provocações, nas questões que ele lança no ar, do que em suas virtudes técnicas, apenas. Por vários motivos, que não cabem nessa coluna, meu beatle favorito é o John. Por exemplo, quando eu soube a tradução da violenta “Working Class Hero”, deu um nó na minha cabeça e pensei: “É isso! O cara cuspindo no 'sistema', dentro do próprio 'sistema'”. Me arrepia da confessional “Mother” à singela “Love”. É por essas e outras que “sou mais” John. Mas “sou mais” Beatles.

No fundo prefiro Lennon/ McCartney!

publicado no jornal Diário da Manhã

sábado, 20 de novembro de 2010

Sindicato + Gloom: Uma primeira experiência no NOise








quarta passada
templo: martim-cerêrê
uma primeira experiência de encontro: Gloom e Sindicato.

uma satisfação fazer parte desse show no Noise!

foi a quarta vez que tive a honra de tocar nesse festival, emblemático da cena independente brasileira.
e em cada edição com uma formação diferente do sindicato.

emocionante olhar para o lado e rever
o mestre Aderson Maia, eterno sindicalista, no palco, conosco.

alegria, alegria!


agora, devemos concentrar as atenções para apresentar esse show com o Gloom, ainda mais completo, no Ibirapuera, em janeiro!

por hora,
já tá rolando alguns vestígios dessa noite...


Amigo - versão "Jah, Jah, Jah":



e o Sindicas tocando "fora da lei"
( nossa versão para
Lord Only Knows, do Beck):

Refazendo Tudo


"Há várias formas de fazer música brasileira. Eu prefiro todas!" (Gilberto Gil)

No próximo domingo [amanhã] Gil tocará com a banda cuiabana Macaco Bong, em Goiânia. Estamos na expectativa de assistir esse encontro de duas perspectivas fundamentais da “linha divertida da música popular brasileira”: a Tropicália e o circuito independente. Futurível!

Para falar dessa expectativa eu precisaria gaguejar, procurar uma palavra inexata, tentar definir o indefinível, tal como as entrevistas poéticas de Gil. Meu amigo Kleuber me diz aqui: “Falar do Gil é complexo, senão usar as palavras que ele inventa”. Agora, imagina, falar do Gil e do Macaco Bong no mesmo texto... Não dou conta.

Macaco Bong é uma das bandas mais representativas da cena da música independente. Me lembro quando alguns integrantes do Macaco dormiram no sobrado que eu dividia com o Roberteira mais o Chelo (meu parceiro do Waldi & Redson e atual baixista do Porcas Borboletas), durante a gravação do cd “Artista Igual a Pedreiro”, no estúdio Rocklab, do mestre Gustavo Vasquez. Naquele momento de descontração (e concentração, deles) não podíamos imaginar que estava surgindo o cd a ser eleito o melhor álbum de 2008, pela revista Rolling Stone. Foi uma grande surpresa ver meus conterrâneos reconhecidos nacionalmente por apontarem um outro caminho na música. Um marco, pois este álbum, instrumental, sem uma frase, disse muito. Disse muito da filosofia do Circuito Fora do Eixo. Nunca vi o título de um disco gerar tanta polêmica, tanta discussão e reflexão sobre os novos rumos tomados pela música no Brasil e no mundo: na era da internet e da ascenção dos festivais independentes.

Já Gil vem de outra era de festivais (como foi bem documentado no filme “Uma noite em 67”), onde e quando eclodiu a Tropicália, que já era um grande encontro de perspectivas: a bossa e o rock, o popular e o erudito, o pop e a vanguarda, a velha e a jovem guarda. A canção Domingo no Parque, imagética, rica harmonicamente, já era uma síntese musical que unia os arranjos do maestro Rogério Duprat, o baião e o rock. Nas entrevistas, Gil, com sua ótica naturalmente visionária, enaltecia os Mutantes; que vinham na contramão da música popular de festival competitivo.

Refazendo a própria história, o grande artista supera o movimento, por estar em permanente movimentação. O Gil, depois da ebulição tropicalista de 68, fez coisas até mais interessantes, canções ainda mais fortes em discos emblemáticos, como a trilogia do “Re”: Refazenda, Refavela e Realce. Gil é um arquiteto de sons, mestre da palavra cantada. Por exemplo nesse verso: “Abacateiro acataremos teu ato, nós também somos do mato como o pato e o leão”. A aliteração, a poesia, o ritmo da frase, a musicalidade está toda nesse verso.

No youtube encontrei um documentário filmado em 1975, durante a gravação do disco Refazenda, onde Gil diz: “Enquanto o tempo não trouxer teu abacate, anoitecerá tomate e amanhecerá mamão. Essas coisas todas... Refazenda é tudo, é o meu trabalho, sou eu refazendo... tudo... andando de ré”. E “com fé”, né?



Estou muito curioso para ouvir o resultado desse encontro. Além de ser o encontro de dois ícones de diferentes “eras dos festivais”, também é o encontro da música negra no Brasil. Além disso, também é o encontro entre a palavra cantada e o som da banda sem letra, que diz. “Dentro do porta-luva, tem a luva, tem a luva”... “onde se faz caber o incabível”.

Gil cantou, em outra ocasião, a composição do Riachão: “Cada macaco no seu galho”. E no próximo domingo poderemos assistir o encontro dos "macacos e o buda" (termo de Alex Antunes), embaixo da sombra da mesma árvore...

Domingo no Campus... um passeio no parque...

Refazendo tudo.


publicado no jornal Diário da Manhã em 14/11/10

texto adaptado

colaboração reflexiva de Kleuber Garcêz