sábado, 25 de janeiro de 2014

A LUTA PELA CULTURA na capa do O Popular nessa sexta!


Será a capa do O Popular dessa sexta um documento histórico de mudanças na sociedade, expressão de novos tempos? Talvez... Será que está começando o século XXI em Goiás?
Pelo menos essas manchetes são bons sinais no sentido de destacar setores em luta.
Como bem colocou a Nega Lilu:
“Não é todo dia que a Cultura é manchete de jornal. Você se lembra quando foi a última vez que isso ocorreu? Eu não. Quando a gente se organiza é assim.
Mas estejamos atentos e fortes porque a vitória de ontem é insustentável. Somente a consolidação da política pública cultural pode trazer avanços concretos: gestão democratizada, planejamento, financiamento sistemático, controle social.”

Muito boa a repercussão do “MANIFESTO CONTRA A TESOURA
(ou Arte e Cultura como cabelo ou Não é só pelos 50%)” do Carlos Cipriano (que simbolicamente raspou metade do cabelo, da barba e até da sobrancelha, se tornando uma imagem representativa da atual luta da classe artística goiana pelo Fundo de Cultura) e de todos envolvidos nessa discussão pública ( Orlando Lemos , Ney Couteiro representando a Ampliart, Edival Lourenço representando a UBE, etc ) contra o corte!
Agora é ficar ligado nesse PLANTÃO DO FUNDO CULTURAL:
http://www.facebook.com/events/629371903777253/?fref=ts
 


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Além disso, da luta pela Cultura como uma pauta central, nessa capa ainda teve esse destaque pra delegada que fez a troca de sexo!
Legal que na matéria ressaltou como ela é uma profissional exemplar:
http://www.opopular.com.br/editorias/cidades/delegada-dá-um-basta-em-sua-angústia-pessoal-1.462844
Já ouvi dizer que ela desenvolveu um bom trabalho aqui em Senador Canedo!
Como apontou a querida Lydia Himmen sobre a delegada:
“Diretamente da terra de João Campos (e também a minha, por acaso), mostrando que nem todos pensam como ele! EXCELENTE!”

Competência e dignidade, grandes armas na luta contra o preconceito! Me lembro da minha amiga Walquiria Hiller , excelente pesquisadora e professora ética que também espera pra fazer a troca de sexo... Na minha época de graduação, Walquiria atendia pelo nome “Diomídio” e era um excelente aluno. Até lembro do professor João Alberto brincando um dia que tinha que estudar muito pra conseguir “orientar” o Diomídio, pois era um aluno muito dedicado, que tirava excelentes notas e tinha um senso crítico muito aguçado. Muito do meu diploma devo à nossa amizade e às nossas discussões teóricas na época de faculdade, pois o Diomídio nunca faltava aula e lia todos os textos. Mês passado tive a felicidade de receber sua visita, juntamente com os professores João Alberto, Thiago Oliveira Martins, Nathalia Gomes Nathalia e Edson Junior. Foi a primeira vez que a vi enquanto “Walquiria” mesmo (de vestido, cabelo liso, feminina). Durante o nosso bate-papo teve uma hora em que ela começou a dar uma aula crítica pra todos nós, refletindo sobre o caos e os problemas da educação no Brasil, sobre sugestões de metodologia do ensino, ética, etc. Ali, quando ela falava, vi que ela mudou seu nome e visual, assumindo seu verdadeiro eu, mas continua com a perspectiva social e revolucionária (até mais, eu diria!) de quando a conheci. Torço pra que ela retome as atividades acadêmicas e pra que continue desempenhando bem seu trabalho enquanto educadora; pois pessoas corajosas e dignas assim, como Walquiria e a delegada Laura, tornam o mundo melhor.
Quando eu cantei em “Amigo” (“Amigo eu sempre tento ser um pouco diferente”) era real. Essa música até entrou nesse documentário “Diferente: Três Corações” do Paulo Morais de MG, que mostra histórias de vida de pessoas que tem alguma diferença em relação aos padrões da comunidade:

http://www.youtube.com/watch?v=Du6VbQyH9Co

Fico feliz por estar cercado de pessoas estraordinárias que fazem a diferença, mesmo numa terra com tantas adversidades!
Graças às pessoas que fazem a diferença (que fazem as antíteses que levam às sínteses) é que a história caminha. Como dizia o anjo torto Torquato Neto:
“o Brasil deve TUDO aos seus melhores loucos”!
E, graças aos “loucos”, Goiás tá começando a entrar no século XXI. Mas pra isso ainda temos que lutar contra o coronelismo de sempre, que devasta essa terra. Até me lembrei de uma música que o Carlos Brandão postou dia desses (pra mim, Vinícius Soares e a turma da Saraivada Produções Culturais ), uma música dele com o Silvio Barbosa, relembrada pelo professor Nasr Chaul, dos anos 70, sobre o sonho de Goiás deixar de ser um sertão e Goiânia virar uma cidade, aqui ela:
http://www.youtube.com/watch?v=cQLUOFK3Lvw
E o Brandão foi um cara que contribui muito para essa terra ser mais cosmopolita, pois faz a diferença por onde passa...
Sim, Rodrigo Alves “fazer jornalismo de verdade vale a pena”, SIM!
Fazer a diferença, vale a pena: seja na cultura, na delegacia, na sala de aula, no jornalismo... Que mais capas como essa venham, respondendo à lutas!
Não estou certo do que eu disse lá em cima: que talvez essa capa seja expressão de novos tempos, até porque não posso julgar o livro pela capa e também porque grita em mim um lado punk que concorda com outro mestre que faz a diferença: Oscar Fortunato (que, como no lema de “Let’s Play That”: “desafina o coro dos contentes”)...
Fortunato postou um manifesto cético, mas que aposta na arte em si como salvação:
http://instagram.com/p/jhX-Yazai0/

“ Temos quase nada para nos orgulhar. E nesse ‘quase nada’ temos a Arte e ela sempre salva. Nos salva do cotidiano cinza e violento dessa cidade quebrada. Nos defende de nossas rotinas. Nos fornece material para o alívio do espírito. Coisa que não tem indústria nem fábrica que processe. Talvez resida aí a má vontade dos políticos com a Cultura. Fornecer idéias, ter um povo pensante. Artistas são perigosos, podem inspirar. Podem mudar idéias. Povo culto pode ser um povo 'perigoso'. E é claro que eles não querem isso. Vão continuar nos dando a nossa dosinha diária de ‘zezédecamargo’. Uma ração miserável de coralina e uns festivaizinhos meia-boca para ir apaziguando a fome leonina que sente nosso povo. Não foi a segunda vez e nós sabemos que não será a última. Pobre do artista que vive nessa terra. Pobre dessa terra que trata tão mal seus artistas. Que Deus nos proteja!”

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