A LUTA PELA CULTURA na capa do O Popular nessa sexta!
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Será a capa do O Popular
dessa sexta um documento histórico de mudanças na sociedade, expressão
de novos tempos? Talvez... Será que está começando o século XXI em
Goiás?
Pelo menos essas manchetes são bons sinais no sentido de destacar setores em luta.
Como bem colocou a Nega Lilu:
“Não é todo dia que a Cultura é manchete de jornal. Você se lembra
quando foi a última vez que isso ocorreu? Eu não. Quando a gente se
organiza é assim.
Mas estejamos atentos e fortes porque a vitória
de ontem é insustentável. Somente a consolidação da política pública
cultural pode trazer avanços concretos: gestão democratizada,
planejamento, financiamento sistemático, controle social.”
Muito boa a repercussão do “MANIFESTO CONTRA A TESOURA
(ou Arte e Cultura como cabelo ou Não é só pelos 50%)” do Carlos Cipriano
(que simbolicamente raspou metade do cabelo, da barba e até da
sobrancelha, se tornando uma imagem representativa da atual luta da
classe artística goiana pelo Fundo de Cultura) e de todos envolvidos
nessa discussão pública ( Orlando Lemos , Ney Couteiro representando a Ampliart, Edival Lourenço representando a UBE, etc ) contra o corte!
Agora é ficar ligado nesse PLANTÃO DO FUNDO CULTURAL:
http://www.facebook.com/events/629371903777253/?fref=ts
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Além disso, da luta pela Cultura como uma pauta central, nessa capa
ainda teve esse destaque pra delegada que fez a troca de sexo!
Legal que na matéria ressaltou como ela é uma profissional exemplar:
http://www.opopular.com.br/editorias/cidades/delegada-dá-um-basta-em-sua-angústia-pessoal-1.462844
Já ouvi dizer que ela desenvolveu um bom trabalho aqui em Senador Canedo!
Como apontou a querida Lydia Himmen sobre a delegada:
“Diretamente da terra de João Campos (e também a minha, por acaso), mostrando que nem todos pensam como ele! EXCELENTE!”
Competência e dignidade, grandes armas na luta contra o preconceito! Me lembro da minha amiga Walquiria Hiller
, excelente pesquisadora e professora ética que também espera pra fazer
a troca de sexo... Na minha época de graduação, Walquiria atendia pelo
nome “Diomídio” e era um excelente aluno. Até lembro do professor João Alberto
brincando um dia que tinha que estudar muito pra conseguir “orientar” o
Diomídio, pois era um aluno muito dedicado, que tirava excelentes notas
e tinha um senso crítico muito aguçado. Muito do meu diploma devo à
nossa amizade e às nossas discussões teóricas na época de faculdade,
pois o Diomídio nunca faltava aula e lia todos os textos. Mês passado
tive a felicidade de receber sua visita, juntamente com os professores
João Alberto, Thiago Oliveira Martins, Nathalia Gomes Nathalia e Edson Junior.
Foi a primeira vez que a vi enquanto “Walquiria” mesmo (de vestido,
cabelo liso, feminina). Durante o nosso bate-papo teve uma hora em que
ela começou a dar uma aula crítica pra todos nós, refletindo sobre o
caos e os problemas da educação no Brasil, sobre sugestões de
metodologia do ensino, ética, etc. Ali, quando ela falava, vi que ela
mudou seu nome e visual, assumindo seu verdadeiro eu, mas continua com a
perspectiva social e revolucionária (até mais, eu diria!) de quando a
conheci. Torço pra que ela retome as atividades acadêmicas e pra que
continue desempenhando bem seu trabalho enquanto educadora; pois pessoas
corajosas e dignas assim, como Walquiria e a delegada Laura, tornam o
mundo melhor.
Quando eu cantei em “Amigo” (“Amigo eu sempre tento
ser um pouco diferente”) era real. Essa música até entrou nesse
documentário “Diferente: Três Corações” do Paulo Morais de MG, que mostra histórias de vida de pessoas que tem alguma diferença em relação aos padrões da comunidade:
http://www.youtube.com/watch?v=Du6VbQyH9Co
Fico feliz por estar cercado de pessoas estraordinárias que fazem a diferença, mesmo numa terra com tantas adversidades!
Graças às pessoas que fazem a diferença (que fazem as antíteses que
levam às sínteses) é que a história caminha. Como dizia o anjo torto
Torquato Neto:
“o Brasil deve TUDO aos seus melhores loucos”!
E, graças aos “loucos”, Goiás tá começando a entrar no século XXI. Mas
pra isso ainda temos que lutar contra o coronelismo de sempre, que
devasta essa terra. Até me lembrei de uma música que o Carlos Brandão postou dia desses (pra mim, Vinícius Soares e a turma da Saraivada Produções Culturais
), uma música dele com o Silvio Barbosa, relembrada pelo professor Nasr
Chaul, dos anos 70, sobre o sonho de Goiás deixar de ser um sertão e
Goiânia virar uma cidade, aqui ela:
http://www.youtube.com/watch?v=cQLUOFK3Lvw
E o Brandão foi um cara que contribui muito para essa terra ser mais cosmopolita, pois faz a diferença por onde passa...
Sim, Rodrigo Alves “fazer jornalismo de verdade vale a pena”, SIM!
Fazer a diferença, vale a pena: seja na cultura, na delegacia, na sala
de aula, no jornalismo... Que mais capas como essa venham, respondendo à
lutas!
Não estou certo do que eu disse lá em cima: que talvez essa
capa seja expressão de novos tempos, até porque não posso julgar o livro
pela capa e também porque grita em mim um lado punk que concorda com
outro mestre que faz a diferença: Oscar Fortunato (que, como no lema de
“Let’s Play That”: “desafina o coro dos contentes”)...
Fortunato postou um manifesto cético, mas que aposta na arte em si como salvação:
http://instagram.com/p/jhX-Yazai0/
“ Temos quase nada para nos orgulhar. E nesse ‘quase nada’ temos a Arte
e ela sempre salva. Nos salva do cotidiano cinza e violento dessa
cidade quebrada. Nos defende de nossas rotinas. Nos fornece material
para o alívio do espírito. Coisa que não tem indústria nem fábrica que
processe. Talvez resida aí a má vontade dos políticos com a Cultura.
Fornecer idéias, ter um povo pensante. Artistas são perigosos, podem
inspirar. Podem mudar idéias. Povo culto pode ser um povo 'perigoso'. E é
claro que eles não querem isso. Vão continuar nos dando a nossa dosinha
diária de ‘zezédecamargo’. Uma ração miserável de coralina e uns
festivaizinhos meia-boca para ir apaziguando a fome leonina que sente
nosso povo. Não foi a segunda vez e nós sabemos que não será a última.
Pobre do artista que vive nessa terra. Pobre dessa terra que trata tão
mal seus artistas. Que Deus nos proteja!”
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