domingo, 23 de janeiro de 2011

Ouvindo o BaRnabé na estrada



No próximo sábado tocarei com a minha banda ( Diego e O Sindicato: www.myspace.com/diegodemoraes ) no Auditório Ibirapuera, em um show que faremos juntamente com a banda Gloom ( www.myspace.com/bandagloom ), apresentando um pouco da nova música produzida em Goiás. Além de nós, na sexta, a banda Violins ( http://www.violins.com.br/) também levará o som deles, com um show comemorativo dos seus 10 anos de carreira. São os goianos, de “fora do eixo” (no meu caso, “dentro do eixo Anhanguera") para o “Sul Maravilha” (termo usado, com ironia, pelo cartunista mineiro Henfil), mostrando que aqui não é apenas um celeiro de duplas sertanejas, mas é um espaço geográfico marcado pela diversidade de estilos. Para informações da aventura: é só ir acompanhando os twitters das bandas. Enquanto isso, ficamos na expectativa, planejando, ensaiando e com aquele friozinho bão na barriga pré-show.

Diante dessa oportunidade, lembrei da minha primeira viagem à São Paulo, no fim de 2007, quando fui selecionado pra tocar no Festival No Capricho. A classificação neste evento nos possibilitou retornar à capital paulista no começo de 2008, pra gravação da música Amigo, nos estúdios da Trama. Fomos num carro dirigido pelo nosso então baterista: Rogério Pafa (figura já lendária na história do rock em Goiás). Lembro-me de cada integrante, durante a gravação na Trama, contribuindo com cada detalhe que compôs aquele fonograma, que hoje vemos como um filho que nos trouxe muita alegria – “parte de nós”. Esta música, circulando pelo mundo virtual, foi parar no mês de dezembro de 2010 numa lista global do jornal inglês The Guardian, inclusive. Não imaginava que esta canção, escrita no meu quarto em Senador Canedo, fosse ter tal repercussão, graças à “bendita internet”.

Após a gravação, voltando pra Goiás, paramos em Piracicaba pra almoçar. Vi numa banca de revistas um cd de causos e músicas do humorista Barnabé. Na hora comprei de lembrança pra mamãe, que sempre comentava sobre o disco de piadas do Barnabé, que ela escutava na casa da tia Catarina, durante a juventude. Não pensei duas vezes e comprei o cd. Barriga cheia: pé na estrada. No caminho entrego o cd pro Pafa colocar no som do carro. De repente, ao adentrarmos o “país dos baurets”, começa a sequencia memoravel de causos. Com seu tom de voz tímido e desconfiado, Barnabé contava suas histórias e cantava suas músicas. Rachamos de rir. O Pafa precisou encostar o carro; pois parecia que íamos morrer de tanto rir. Fiquei até sem ar, com a barriga doendo de tanta gargalhada.

"Depois de comer um bom virado/ eu fui dormir e tive um sonho lindo/ sonhei que tava acordado/ acordei pra ver e tava dormindo” – eram os versos da música O Sonho do Barnabé. Com a pureza de um humor simples e pitadas de malícia, o humorista conseguia fazer sua platéia rir, sem um palavrão, sem apelação, apenas na força do próprio causo. Barnabé era o nome artístico de João Ferreira de Mela, que nasceu em Botelhos (MG). Com 25 anos foi para São Paulo, onde gravou seu primeiro disco de piadas, em 1964. Ele ainda gravaria mais 4 discos até a sua morte, aos 28 anos, em 1968. Depois seu irmão daria continuidade ao emblemático personagem Barnabé.

Na próxima quinta pego a estrada novamente, com meus companheiros de banda. Já vou colocar os “Barnabés” (o humorista e o dodecafônico da “vanguarda paulista”) no meu mp3, pra viajar. Viajar, como diz meu amigo Danislau, “tanto no sentido geográfico-espacial, quanto no sentido filosófico-transcendental”. A vida é uma viagem!

[publicado no jornal Diário da Manhã]


Um comentário:

Caipira Barnabe disse...

www.caipirabarnabe.com.br