“Angústia adolescente pagou muito bem/ Agora estou entediado e velho” – os dois primeiros versos daquele disco previsto para ser o sucessor do sucesso que “cheirava espírito adolescente”: Nevermind. Situando os versos no contexto... Os olhos de cifrão dos engravatados da gravadora Geffen viam uma multidão ensandecida dizendo: “agora entretenha-nos!”. O ano era 1993. Nirvana, banda que reinava entre gregos e troianos – era pop, era punk, era palhaça, era depressiva, era um pinto na câmera, era poesia – era a síntese de uma “Era”. A banda tinha a obrigação de apresentar para a indústria cultural um novo produto que agradasse público, crítica e, principalmente, os bolsos dos empresários da música veiculada via MTV. Porém, em vez de seguir a cartilha do disco anterior, Kurt Cobain tinha convidado seu ídolo Steve Albini – produtor que ia na contramão da sonoridade das FM’s, por conta das suas famosas gravações sujas e analógicas (“famosas” no submundo). Quando apresentam a mixagem final, a gravadora gosta das canções e detesta a gravação. Decide “limpar”, tornar mais “vendável” aquele som.
No texto onde encontrei o bendito link, Dodô Azevedo define bem a situação de 1993 (em contraposição com a atual): “O mundo underground, na época, estava esperando pelo encontro de Cobain e Albini como uma partida de futebol com Pelé e Di Steffano. A mixagem original de Albini nunca veio à tona. Permaneceu um mistério. Até hoje. Em tempo de Wikileaks, vazou a mixagem de Albini.” Dodô conjectura que se fosse hoje o In Utero de Albini/Cobain teria sido lançado e que ferramentas como o myspace teriam facilitado a vida de Cobain. Ficam as hipóteses, o som e a lenda.
Lembro-me quando ouvi o In Utero pela primeira vez, numa fitinha K7 emprestada por Erickitos, um dos meus melhores amigos – pai do meu afilhado John e criador de belas melodias aqui nesse solo provinciano de Senador Canedo. No começo, eu escutava a música Serve the Servents e achava engraçada, sem saber do significado irônico daquela faixa abrindo aquele disco pesado, desesperado e repleto de sarcasmo. Primeiro ouvi as canções, depois li a legenda e, hoje, chega a gravação “autêntica”.
Bom. Agora que o número de caracteres está acabando e já sugeri o link que trouxe felicidade e nostalgia à minha sexta... posso finalizar o papo e fazer uma cópia desse cd pro meu amigo Erick.
“Think I'm just happy!”
3 comentários:
Eu prefiro Raimundo Fagner
Acabei de baixar, fazia muito tempo que não ouvia Nirvana, nada como uma novidade dessa para dar um gás na vontade..
Acabei de baixar, o baixo ta gorduroso, a guitarra mais seca, batendo com força e o bumbo da para ouvir de longe..
Não to ouvindo, alto, ja é noite...
Quero ver isso a um volume mais alto..
Boa dica..
Abraço
Continuo ouvindo mais atentamente o álbum..
Considero meu primeiro lançamento de 2011.
Talvez pelo fato, de ser uma gravação lo-fi que deu outro sentido para o álbum..
Também, pela falta de polimento, do certo e o correto, a gravação representa sentimentos, acima de tudo..
Hoje todas as bandas soam impecáveis, lindas, limpas, totalmente 2.0 musicalmente, não que isso seja ruim, mas Nirvana chega novamente para mostrar o que é boa musica..
Grande Abraço
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