domingo, 8 de maio de 2011

O jardim de minha mãe


“Pra não dizer que não falei das flores”...
Minha mãe é, em primeiro lugar, uma jardineira. Apaixonada por plantas, ela fica lá, cuidando do seu jardim florido, com uma paciência de Jó. A casa é simples, mas a entrada é linda, cheia de samambaias, cactos, flores e algum beija-flor, que sempre aparece para uma visita. Cantando os versos de Wilson Batista, interpretados pelo Paulinho da Viola: “Eu sou assim/ quem quiser gostar de mim, eu sou assim/ Meu mundo é hoje/ não existe amanhã pra mim/ Eu sou assim, assim morrerei um dia/ Não levarei arrependimento/ Nem o peso da hipocrisia”, ela revolve a terra. Aliás, essa canção abre uma coletânea que fiz outro dia: “Sonzeira para mamãe”, que também tem ‘Sorria, Sorria’, do Evaldo Braga, ‘Deus é uma viagem’, do Cidadão Instigado e, fechando a seleção, ‘A última canção’, com o Paulo Sérgio. Ela é assim, seu mundo é hoje: enfeitando a sala, hoje, fazendo crochê, hoje, plantando, hoje.
Ela é tão apaixonada por plantas que fez até a planta da nossa casa. Construiu a casa com garra, fazendo salgado e dando uma aula de administração: fazendo do pouco, muito! Sempre na ponta da caneta, controlando cada gasto, plantando. Lembro-me que em um dos meus dias de menino, ela me disse, fazendo salgado: “meu filho, vamos vencer”, e eu respondi: “já estamos vencendo, mãe, cada dia é uma vitória”.
Toda mãe é uma jardineira. Cuida, com paciência e atenção, de suas mudas, de suas plantas. Meu pai (“naquele mesa está faltando ele”) deixou escrito: “Todo homem que vem na Terra tem que deixar uma semente. Eu deixo duas: Diego e Fernanda. Maria Helena, mulher guerreira, cuide bem de nossos filhos”. Ela levou esse escrito a sério e cuidou carinhosamente de cada semente de seu jardim. Assim, aproveito a ocasião de hoje, para agradecê-la e para desejar a todas as “jardineiras”, que estiverem me lendo:
“feliz dia das mães!”
mamãe lendo o 'Elogio da Loucura'



[publicado no Diário da Manhã]

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