Dr. Hélio Caldas Pinheiro é um advogado itaberino, que freqüentemente usa sua criatividade para restaurar móveis, durante a noite, em sua residência. Inclusive, muitos dos móveis do Museu Histórico de Itaberaí foram reformados por esse inquieto senhor, que se dedica a várias atividades, entre a advocacia, as ações de caridade kardecista e a escrita. Orgulhoso de seus filhos, todos formados, é um homem simples, educado, que tem a despretensão como uma de suas características, revelada, por exemplo, ao considerar a expressão “Doutor Hélio” apenas como um dos seus dois apelidos – o outro é “palestrante”. Diz, porém, que não faz “palestra”, mas, sim, proseia. Na última quinta-feira, tive o prazer de ter um “dedo de prosa” com ele, que começou tímido e depois, no decorrer da conversa, foi dizendo, com bom ânimo: “Procuro encher minha vida; se eu ficar à toa, fico louquim... Minha canção de ninar é a palavra cruzada”.
Além de restaurar móveis, Dr. Hélio também “restaura” memórias, através da fala e da escrita. Relata, em tom bem humorado, várias histórias engraçadas de seu tempo de menino travesso, relembradas em cada detalhe da casa que hoje é a sede da AILA (Academia Itaberina de Letras e Artes), fundada em 1993, e que integra a “Casa da Cultura Cel. João Caldas”. Cada canto desta casa lhe traz lembranças da sua infância, na década de 30. A casa, construída pelo seu avô, Cel. João Elias da Silva Caldas, em 1905, expõe e preserva livros e diversos objetos antigos doados – como uma palmatória de 1920, sons de vinil, um apontador de mesa da década de 60 e outras curiosidades interessantes – que evidenciam o espaço enquanto uma grande fonte de informação histórica, tanto da cidade de Itaberaí, quanto do Estado de Goiás.
Na parede, leio um cartaz: “Objetos do passado são memórias valiosas. Preserve-os!”. Dr. Hélio leva essa mensagem a sério e se esforça para preservar os objetos e as memórias a que eles remetem, como se poderá ver nos seus dois livros, prestes a serem lançados – um de memórias (“Memórias itaberinas”) e um de poesias (“Nas asas da imaginação”) –, e ainda pretende publicar outro livro memorialista, falando de quando morou em Goiânia, incluindo histórias de quando estudou no Liceu. Narrador talentoso, de olhar lírico, Dr. Hélio conta sobre seu passado com vivacidade, levando o interlocutor a imaginar as situações relatadas. Dessa forma, sua imaginação não só “restaura” móveis e memórias; também “restaura” sonhos, com seu exemplo de inquietação, de atitude, em seus mais de 80 anos. Não só dá um depoimento sobre o passado, mas dá um recado para o presente, com o exemplo de sua própria ação no mundo, com essa sua energia para viver e fazer suas coisas, sem se acomodar, demonstrando ser um ser humano motivador, inspirador – isso em um simples “dedo de prosa”. Assim segue o Dr. Hélio, restaurando móveis, memórias e sonhos.
[publicado no Jornal Diário da Manhã]
2 comentários:
Que lindas as suas palavras sobre Dr. Hélio, Dieguito! Honestas palavras! Parabéns pelo seu talento, garoto! Parabéns pela ousadia e pela tão valiosa contribuição para a cultura desta terra.
Parabéns pelas palavras fáceis e de eloquencia em falar do decano Dr. Hélio Caldas, merecedor de nossos aplausos sempre.
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