segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Enquanto a semana voa

O fim
dá novo sentido
ao início
quando voamos
por cima
do precipício

O abismo
já não me deixa mais
abismado
com meus litígios
comigo
e meu passado

Decidi que
não quero
que decidam
por mim
e que se você quiser
mandar nessa parada
não ficar aí parada
é melhor se mandar
até a próxima parada

Enquanto a semana voa
e o mundo não pára
não pára para assistir
sua angústia
diária

O tempo passa e me escapa
- outra forma de escapismo me enquadra
e digo que não dá tempo agora
quando tenho mais discos no meu mp3
que tempo para escutá-los
que paciência para vivê-los

Assim, fica o leve
pré-sentimento
de um efêmero arrepio
dito pelo não dito
de que o fardo tende a pesar,
apesar do “ainda” que ainda cito
e ainda hei de incitar,
cada vez mais
a partir desse ponto
da estrada
em que olho tanto
olhar cansado de
olhar tanto
olhar cansado de...







Este poema foi classificado em 1º Lugar no "Concurso de poesia falada Geraldo Coelho Vaz", na noite de 16 de novembro de 2009, no Cateretê bar e restaurante, onde e quando foram apresentados os 30 textos finalistas previamente selecionados.



Aí nessa foto acima, tirada por Heloisio Mendes, estou ao lado do escritor Coelho Vaz e de sua esposa Alcione, recebendo o prêmio pela participação neste concurso promovido pelo Instituto Cultural José Mendonça Teles, e coordenado pelo escritor Ubirajara Galli.
No dia 14/12/2009, o poema também foi publicado no Suplemento Literário do Diário da Manhã.



Pra mim, foi uma honra participar
e o mais legal de tudo foi a interação entre as pessoas,
conhecer pessoas de outros círculos sociais e de outras regiões do Estado
que curtem ouvir e recitar poesia!

Segundo Ubirajara Galli, os concursos de poesia falada desembarcaram em Goiás, na década de 1970, pelas mãos do jornalista, escritor e publicitário, Eduardo Jordão, natural de Entre-Rios, atual cidade de Ipameri. Bira pontua a importância desse tipo de confraternização poética em sua trajetória:



http://www.dm.com.br/materias/show/t/50_anos_de_literatura_490


Os concursos de poesia falada sempre povoaram de forma bastante positiva a minha trajetória de escriba. As minhas primeiras participações nessa modalidade de exposição literária foram extremamente importantes para o desnudamento da possibilidade de sair do ostracismo que é o isolamento da produção de textos para vivê-los em sua plenitude, dividindo-os ao vivo, com a comissão julgadora, com o público, com os intérpretes e autores participantes, condição essa que só permite a poesia falada. Ainda, a oportunidade de poder se situar perante o seu processo evolutivo e o que talvez seja o mais gostoso: a confraternização com a sua geração literária.

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