Jards Macalé e Paulo José cantam e recitam Torquato Neto:
Dente no dente
(Torquato Neto e Jards Macalé)
Sim, não
Mas pode ser que seja de repente
A minha frente, bem na tua frente
Tudo muito rente, quente
Sente o drama
É tudo ser assim tão envolvente amor
É tudo ser assim tão de repente tente agora
Olho no olho, dente no dente
Lentamente, é nesse hora a hora
Que eu desejo o fim do fim de tudo
É no começo, e o sol poente
A coisa fria e o fogo novamente
E tudo não mais que de repente
Quente, quente, quente
Tente
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PESSOAL INTRANSFERÍVEL
(Torquato Neto)
escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. é o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. nada no bolso e nas mãos. sabendo: perigoso, divino, maravilhoso. poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. difícil é não correr com os versos debaixo do braço. difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. e sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, "herdeiro" da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus. e fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. citação: leve um homem e um boi ao matadouro. o que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi.
adeusão.
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