sexta-feira, 6 de junho de 2008

Um pouco do que lembro dos LABIRINTOS do sábado passado



Eduardo Kolody, Eu, Paulo Barnabé e o Hudz





Fotos: Chelo
http://www.flickr.com/fotosdochelo/





Sábado passado fomos (Hudz e Chelo (do Deads Smurfs), Rodolfo e eu- com o Helio, no volante) rumo à Brasília, pra assistir um "momento histórico-antológico"... o show do Arrigo Barnabé, com abertura da Patife Band (banda do Paulo Barnabé- irmão do Arrigo).

Resenha sobre em:
http://www1.caixa.gov.br/imprensa/imprensa_release.asp?codigo=6508522&tipo_noticia=0



O Show do Patife foi no formato: bateria, teclado e sintetizador (ou seja, algo totalmente diferente do que eu tinha assistido no Vaca Amarela do ano passado, que foi com: guitarra, baixo e bateria).

Depois da agressividade sonora do Patife, perguntei pro Helio: "Será que ele (Paulo) tem noção da subversão que ele está fazendo aqui?" e o Helio respondeu: "Ele não precisa explicar... ele faz... daí vem outro pra explicar". Enquanto um cara mais velho, com vinis, gritava no fundo: "Isso aí é Patife Band!!!"

Arrigo começa seu show de uma forma mais intimista com uma música inédita (que Paulo Braga, tecladista, me contou após o show: que deve ser lançada em um registro ao vivo gravado em Lisboa). A música é bela e começa dizendo algo assim: "Ser ou não ser o ser que te possui" e continua de uma forma dramática.

Onde eu e o Helio (do Demosonic) estávamos: assistiamos o show vendo o Arrigo de costas e virado para o piano. Deu a sensação de que tentávamos, da platéia, adentrar, ao observar e escutar, o universo do artista. Mas nem sempre escutar é ouvir, pois ouvir é uma forma de compreender. Teve muita coisa que não ficou claro, mas o mistério é instigante.

Ele tocou Esses Moços de Lupicínio Rodrigues e fez uma piada com o Pt e o Psol. Quando ele tocou essa música tive a impressão que ele falava pra nós (moços que viajamos e estávamos ali em função de suas músicas):


"Esses moços pobres moços
Ah! Se soubessem o que eu sei
Não amavam..
Não passavam aquilo que eu já passei
Por meus olhos
Por meus sonhos
Por meu sangue tudo enfim
É que eu peço a esses moços
que acreditem em mim
Se eles julgam que a um lindo futuro
Só o amor nesta vida conduz
Saibam que deixam o céu por ser escuro
E vão ao inferno
A procura de luz
Eu também tive nos meus belos dias
Essa mania que muito me custou
E só as mágoas eu trago hoje em dia
E essas rugas o amor me deixou


Segundo o Israel, que é um punk de Goiânia, que encontrei lá (e tinha me informado do show pelo orkut) a música mais recente foi a da peça Toda Nudez Será Castigada de 2005.

No repertório também tocou uma música de autoria dele chamada Lama

"Se eu quiser beber eu bebo
se eu quiser fumar eu fumo
não me interessa mais ninguém

Se o meu passado foi lama
Hoje quem me difama
Viveu na lama também

Bebendo a mesma bebida
Comendo a mesma comida
Respirando o mesmo ar

E hoje, por ciúme ou por dispeito
Acha-se com o direito de querer...
me humilhar.

Quem fostes tu?
Quem és tu?
Não és nada!

Se um dia fui errada
Tu fostes errada também

Se eu errei
Se eu pequei
Pouco importa
Se pra ti, estou morta

Pra mim morrestes também!

Foda-se! "


Foi um show sem pontos altos específicos (pois o próprio ponto alto foi o show em sua totalidade), quero dizer que não sei escolher qual foi o momento mais fantástico daquele espetáculo.

Teve uma música em que a letra diz:

"E A POESIA, NOVAMENTE, VOLTA A TER RAZÃO"

Lembro que me perdia naqueles labirintos sonoros da Clara Crocodilo. Era muito louco o som produzido pela rivalidade do piano de Arrigo contra o teclado de Paulo Braga.

O Israel me disse, pelo orkut, que:
"Na passagem de som, quando vi que faltavam equipamentos para o baixo e a guitarra bateu uma decepção mas quando começaram passar o som, foi bacana, deu pra animar de novo. E o defeito do show foi ser curto demais."

Concordo. O maior defeito do show foi ser curto demais...

Mas é assim. Os melhores shows são aqueles que deixam a sensação de "quero mais".


Terminou o show com "Tô tenso", em que diz: "Tô tenso, tô cansado, propenso ao suicídio", que é uma parceria de Arrigo, Paulo e Itamar Assunção.

Com a explosão dessa última música: sai do teatro conversando com o Helio sobre aquela situação.

Era um ambiente formal com uma música informal, um público "social" (os senhores e senhoras que ali estavam mais pareciam preparados pra ir num baile de formatura) e uma música com tendências anti-sociais. O Hudz disse que sentia que nós éramos os mais novos e sujos que estavam ali.
Foi, no mínimo, inusitado e paradoxal tal situação.

Sai com a sensação de que valeu a viagem, pois presenciei um momento singular, que permanecerá vivo por muito tempo na memória de quem assistiu.


Na saída comprei o cd ao vivo do Patife gravado no Demosul em 2003 e o cd do Arrigo, que é uma missa em memória do Itamar Assumpção.
Falei com o Arrigo, que achei incrível o cd "Gigante Negão", que não conhecia e o encontrei há alguns meses em um sebo em Goiânia.
Pedi autógrafo nos cds e tirei foto. Não tenho esse costume, mas não controlei meu lado "tiete" (heheh), pois estava diante 2 ídolos, que pensei que nunca poderia vê-los tocando juntos. Precisava registrar aquele instante emocionante.

É como o Chelo disse: "a música do Arrigo não é punk, mas o espírito dele é".

Depois conversamos (eu, Chelo, Hudz e Eduardo, do Sindicato, que mora lá em Brasília) um pouco com o Paulo Barnabé.
Ele disse que não é baterista, mas estuda um pouco pra não passar vergonha.
No carro, voltando pra Goiânia, o Hudz comentou isso: "Quando se fala que o cara é 'maldito' cria-se o esteriótipo do cara despreocupado e improvisador... não pensam que o cara estuda e que é tudo matemática ali".

O triste é saber que não foi gravado e nem filmado. O segurança proibiu o Chelo de fotografar, ou seja, de registrar e documentar aquele momento especial.

Mas, o Chelo que é subversivo (aluno do Patife Band): conseguiu ainda tirar algumas fotos...



Tomara que eu possa assisti-los novamente.


Eu e Arrigo


Esse ano já vi o Júpiter Maçã (quando tivemos o privilégio de abrir o show dele) e Tom Zé (na Virada Cultural). Agora falta ver:
Jards Macalé, Walter Franco, Luiz Tatit e mais alguns outros birutas racionais aí.

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