quarta-feira, 11 de junho de 2008

Figuras que encontramos pelas ruas

Pensando sobre essas Figuras que encontramos pelas ruas... me lembro do Divino Conceição.
NO fim do ano passado a Mariana, então namorada do Chelo, levou lá na residas um dvd meio absurdo, lem lógica, sem nexo, de um tal de Divino Conceição. A trilha sonora era bizarra não tinha nada a ver o que era tocado no violão, com o que era cantado e com a imagem- não tinha sincronia.
O Ahmad (do Espaço Cubo- Cuiabá) estava lá em casa e disse: "Isso é o Cúmulo da Pretensão!!! E o cara intula isso aí de Cinemanovíssimo...."


Depois de um tempo encontrei um cara na rua, enquanto caminhava com o Fernando (Simplista), e começamos a conversar (o Fernando já o conhecia). O cara é o Divino Conceição- um senhor comunicativo, que defende sua obra e vê sentido naquilo tudo.

Em outra ocasião, caminhando com minha amiga Carulina, o encontrei novamente. E lá foram mais alguns minutos de prosa. Nessa segunda vez ele me entregou um pequeno flyer, que divulga sua criação, com essas informações:
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"COMUNICAÇÃO AUDIO VISUAL
APRESENTA: CINEMANOVÍSSIMO

Oficinas de cinema, roteiro, direção, câmera
Cênica: Ator/atriz
Oficinas de música: violão e canto
Literatura: Como dar Sentido Literário
A Vanguarda Pró-Cinema Independente

*Inscrições abertas por tempo indeterminado

Diretor: Divino Conceição
Fone: 96471945
Serviços Profissionais: Filmagens em película
Super 8mm, 16 mm, 35 mm e gravações em vídeo
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Me lembro que no dvd que a Mariana trouxe: a capa era feita por ele mesmo e no encarte tinha uma xerox de um texto da seção de cartas do Jornal Opção, escrito pelo próprio Divino, que pode ser lida no site do jornal:


http://www.jornalopcao.com.br/index.asp?secao=Cartas&subsecao=Colunas&idjornal=230


Cinema novíssimo


Observando, pesquisando e refletindo sobre o cinema, entendemos que, de todos os filmes produzidos no mundo inteiro pela indústria cinematográfica dominante, embasados no realismo–naturalismo visual, a maior parte deles está vestida da ilusão de realidade e dinheiro. Os espectadores não passaram de espectadores. Engolem, com Coca-Cola e pipoca, sofá, DVD, cassete, dor, suspense, sangue a vontade, porradas e explosões tanto do cinema internacional como do nacional. Cremos que eu, espectador, passo a saber que sem mim não há cinema. Eu, espectador, não estou proibido de assistir qualquer gênero de cinema comercial, porém não sou objeto de robótica. A vanguarda convida-me a evoluir culturalmente, intelectualiza-me, me liberta dos condicionamentos impostos pela cultura dominante, ao passo que também me faz poder participar do processo da política cultural brasileira — não obstante, culturalmente não desvalorizarei o meu país, sobretudo ampliarei o meu universo revolucionário a ponto de transcender-me. Cremos que com a linguagem estética-cinematográfica do “cinemanovíssimo” conseguiremos contribuir com a evolução do cinema nacional. Ora, o cinema industrial é sempre retratista. A realidade do nosso cotidiano está precisando de ajuda, sensatez, amor... Os aúdio-visuais estão muitíssimos carregados de ilusão de realidade. Nós estamos perplexos frente à inocência dos nossos espectadores do Terceiro Mundo. Sustentamos superproduções com atores de 5 a 100 milhões. Entendemos que, quando o presidente da República, ministros e industriais dizem que o país precisa cresceu economicamente, adiantamos que é impossível se não caminharmos juntos com a questão cultural. Não tem quem nos tire da mente, irreversivelmente, que o “cinemanovíssimo” que propomos mostrar o caminho — o qual convida o expectador a pensar, analisar e fazer cinema.

A priore, convidamo-os a lançar mão da possibilidade que lhe estiver mais próxima. Qual? Ignorarmos a estrutura puramente física do “cinemão”, e navegarmos por uma prática que não exceda nossas condições, contudo valorizar a idéia, o roteiro, a câmera, a direção, a montagem, a música — O mais não terá necessidade de ser mais que simbolismo. Para tanto não precisaremos de mais do que câmeras caseiras de vídeo ou celulares com câmeras para brincarmos de fazer cinema, cumprindo muito bem a proposta revolucionária do cineasta brasileiro Glauber Rocha, quando disse ao cinema dominante que não eram só eles que podiam fazer cinema, pois, cinema pode ser muito bem uma câmera na mão e uma idéia na cabeça (isto é, os espectadores que entenderem a proposta do cinemanovíssimo não irão se intimidar, pois a questão cultural nós garantimos). Não é para assustar que convidamos os espectadores para fazerem cinema — a exemplo citamos o processo do dia-a-dia de qualquer segmento político, cultural, econômico, institucional ou privado (não fazem eles mesmos outra coisa senão convocar a sociedade, bem como a comunidade no processo da resolução de cujas problemáticas?). Nós também, com todos os direitos, estamos convocando a comunidade brasileira para essa tarefa, que não é somente direito da indústria nacional ou internacional. Já passou da hora de tomarmos essa atitude — os filmes atuais estão muitíssimos gratuitos, sanguinolentos, pretenciosos, fantasiados, inpiedosos, ilusórios etc...

DIVINO CONCEIÇÃO




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Como diz minha vó:
"Cada doido com a sua mania..."

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