Encontrei esse belo poema do escritor Edival Lourenço
na Antologia “A poesia Goiana no Século XX”,
organizada por Assis Brasil (de 1997),
esses dias pra "traiz" aí ...
Copio aqui pra gente ,
pois coisa boa é pra ser compartilhada, né?
Da Condição de Estar Só
(Edival Lourenço)
estar comigo
só
com meus díspares eus
entre discos e livres pensamentos
nu
pelas varandas da casa
pelos sobrados de meus sentimentos
gosto de estar
só
comigo
sem relógio & companhia
sem visita & campainha.
só
com o mundo
com todos
de uma vez
só.
não por vício de solidão
nem por bloqueios ou recalques
como os autofornicários
mas por opção de liberdade
até porque estar só
é canteiro de cultivar
saudade.
gosto de estar só
mente curtindo o corpo
lento envelhecer
rugas distraídas no espelho
de um narciso domado
e a vida vazando
gota após gota
agualém de água
de um vaso trincado.
gosto de estar comigo
só
entre os sons da casa
o sibilar do vento
a porta a ba
ter
o som de Bach
o redumunho sutil
de minhas idéias
e até a ausência delas
o zumbido incansável
dos sentidos
a minha voz em repouso
na garganta
falando só comigo
(Coisa Incoesa / 1993)
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