segunda-feira, 26 de abril de 2010

"astralzim"

Fazia um tempinho, que eu não me arriscava no formato "voz e violão", durante um show inteiro.
Na última sexta, lá no ouro, rememorei essa experiência.
Eu estava meio nervoso, pois não tive tempo de ensaiar e era pro povo do teatro (enfim, outra galera) e tal...

Poucos minutos antes, rascunhei um repertório (com a colaboração intuitiva de ksnirbaks)
e disse pra mim mesmo : "Vamu lá, meu chapa!".

Comecei com "Uterêrê", emendei "Tô só de passagem"
e prossegui com músicas que não tocava há um (in)certo tempo.
Até que alguém gritou: "toca Dia Bonito!". A partir daí, comecei a improvisar e fazer o que era comum nas minhas primeiras apresentações: tocar sentindo o clima do ambiente e fazer da apresentação o que vinha na minha cabeça, na hora.
O brother Guilherme (piloto da mesa de som) pediu o "FOB" (Fura olho de broter) do repertório do Waldi & Redson.
Tinha um pessoal lá que (me contaram depois) viu o show do Sindicato no Curralim, de Itaberaí. E, ali, me prestigiavam naquele momento inusitado e singelo.

O bar não estava lotado, mas estava (o tipo-ideal) :
"vaziim astralzim" (conceito transmitido pelo chelo/redson e formulado pelo Jack, percussa fodaço do porcas borboletas, em algum lugar desse Brasil Varonil).

Notei que tinha uma senhora, olhando séria, que sempre aplaudia.
Quando terminei (com o "Um não vive sem o outro") essa senhora (mãe de alguém, do teatro, que estava na organização do evento) veio e disse: que não me conhecia, que gostou muito das músicas e que acompanhará.
Fico, realmente, muito feliz quando consigo, com naturalidade, atingir alguém com outro ponto de vista (outro "espaço de experiência" e outro "horizonte de expectativa"). É emocionante.

O que é a arte além de comunicação (que seja a comunicação do indizível)?

Quando cheguei em casa tive ainda a felicidade de ler (via talk) palavras motivadores do Lino (rapaz talentoso, músico e ator):

"vc tá passando a sua simpatia da mesa de bar pra palco. E isso é otimo...porque sempre foi o que eu mais gostei...e acho que e isso dá mais força a musica...ela desse mais redonda. rs

Lino ainda completou dizendo-me: "as musicas realmente melhoraram muito...e o legal é ver que você não se desvirtuou pra conseguir esse progresso..."
E terminou: "parabens denovo bicho...continue trabalhando...por mais citações que vc tenha e assumidas,o que é o melhor, vc é um dos poucos aqui que conseguem fazer uma MPB que não parece ter saido de uma maquina de fazer MPB criada a um seculo".

É realmente gratificante esse "astralzim" (expressão jackniana)
e saber que qualidade é mais importante que quantidade!

Foi muito bom ouvir essas palavras de incentivo
em um momento em que eu seguia um tanto cético comigo mesmo.

É como o Kleuber uma vez me disse (a partir de algo que ele viu no Boldrin):

"Por mais que o cara tente largar a música, mas a música não larga ele".