Por Vitor Santana:
Do G1 GO
O músico goiano Diego de Moraes, de 28 anos, volta aos palcos após
pouco mais de 100 dias afastado devido a um traumatismo craniano em
São Paulo
, que até hoje não conseguiu ser explicado. “O show é
para celebrar a vida. Depois de um acidente como o que eu sofri, você
passa a dar valor ao que realmente importa”, disse o cantor, que teve um
coágulo no cérebro em decorrência do acidente e ficou com o lado
esquerdo do corpo paralisado por alguns dias. Hoje, o cantor já está
recuperado, e busca retomar toda sua carreira artística.
Se autodenominando ‘O Mascate’, por transitar por vários caminhos
musicais e guardar as várias experiências e referências que aparecem em
sua vida, Diego também juntou ao seu repertório o acidente sofrido e que
quase lhe deixou sequelas.
“Quando eu ainda estava internado no hospital, voltando à
consciência, usei o acidente, que quase morri, e compus uma música que
se chama ‘Obrigado Vida’, justamente por perceber a beleza nas pequenas
coisas”, relatou o músico. De acordo com o cantor, essa será a música
que vai abrir a apresentação, denominada “O show vai continuar”.
Ao falar de seu acidente, Diego de Moraes deixa o tom sempre alegre e
bem humorado e assume um semblante mais reflexivo, porém, ao mesmo
tempo, de muita gratidão aos amigos que tanto o ajudaram. “Pelas lesões
que eu tinha, tudo leva a crer que eu fui espancado, mas não lembro de
nada”. Após ficar desaparecido por dois dias, amigos do músico o
encontraram internado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, já com
baixo nível de consciência.
Músicos, atores, fãs e amigos de Diego se uniram por meio das redes
sociais para realizar um festival, Dia Bonito, nome de uma de suas
músicas, para arrecadar dinheiro para ajudar a custear a transferência
do cantor da capital paulista para
Goiânia
. “Minha mãe não tinha condições, eu estava sem
plano de saúde e, graças a essas pessoas, eu consegui ser transferido
para Goiânia e ter um bom tratamento. Fiquei muito grato a todos esses
amigos”, relatou o músico.
Volta ao início
O acidente ocorrido em São Paulo fez com que o
músico, de certa forma, se reencontrasse com o início de sua carreira.
Diego de Moraes começou no mundo da música ainda adolescente, com 15
anos de idade, tocando bateria na igreja que frequentava. “Nessa época,
eu já compunha algumas coisas, mas nunca mostrava para ninguém”, lembra o
músico.
Desde o início, já agregava diferentes referências musicais, como o
rock, o brega, sertanejo e MPB. “Eu toquei em festivais de rock, como o
Bananada e Vaca Amarela, toquei no Festival Internacional de Cinema e
Vídeo Ambiental (FICA) e nos festivais de MPB da cidade”, afirmou o
cantor.
Durante o Festival Dia Bonito, a mistura de estilos musicais, tão
presente na obra de Diego de Moraes também foi exemplificada no público
presente. “Segundo o Carlos Brandão, produtor cultural e um dos maiores
incentivadores no início da minha carreira, no dia do evento tinham
pessoas que geralmente não se misturam, que é o pessoal do rock com o da
MPB e do teatro”, completou Diego.
Após o trauma, o músico também se reencontrou com a religiosidade.
“No final da adolescência, eu deixei de ir à igreja. Eu me considerava
um ateu não praticante. Mas, depois do acidente, eu vi que, se Deus é
amor, eu vi o divino no amor das pessoas que se uniram para me ajudar
nesse momento”, destaca o cantor.
Show
Na apresentação “O show vai continuar”, Diego de
Moraes tocará canções que fizeram parte dos seus vários trabalhos, desde
os de carreira solo até as músicas feitas com a banda O Sindicato e Pó
de Ser. Vários artistas também foram convidados, como integrantes de
seus outros projetos musicais e também artistas que ajudaram a organizar
o Festival Dia Bonito.
Porém, o ponto alto do show deve ser a apresentação das novas
músicas, inspiradas nos últimos acontecimentos que deixaram uma grande
marca e provocaram uma transformação em sua vida. “Quem vier ao show,
pode esperar um Diego de Moraes que valoriza cada segundo do que
realmente importa, como, por exemplo, a vida e os amigos”, finaliza
Diego.