"TEMPORADA ROCK BRASIL"!!!
QUINTA no El Club: Diego & Sindicato + Gloom
Shows: Diego de Moraes e o Sindicato + Gloom
Djs: Ultravespa
Hora: 22:00
Preço: R$15,00
Bora!
Fêssor!
Uma vez, quando eu dava (ops! “vendia”) aula para as crianças do 1° ano do ensino fundamental (antiga alfabetização), em uma escolinha particular, ocorreu-me um fato tragicômico. Chegando na escola, de bicicleta de cestinha (que peguei emprestada com mamãe), um guri me disse:
- Fêssor! Pra quê que eu vou estudar? Se o senhor vem pra escola de bicicleta...
O menino, que tinha acabado de descer da Toyota Hilux preta quatro portas de vidro fumê, do papai produtor rural, vinha tirando onda com a minha cara, cheia de remela. “Pelo menos ele me chamou de senhor”, pensei. E fiquei ali sem respostas, coçando a cabeça e me lembrando do verso de Cazuza: “reparou na inocência cruel das criancinhas com seus comentários desconcertantes?”.
Na simples frase daquela criança havia um fato sociológico. Depois matutei sobre como inculcaram no menino um modelo de sociedade com seu conceito de “vencer na vida”. Meu aluno, no auge dos seus 8 anos, já julgava os outros por causa dos “bens materiais” e ironizava o sentido do estudo, expondo a situação de desvalorização dos professores.
Depois me vem gente querendo negar a tese clássica do velho Marx: “Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência”.
Mas, deixando essa discussão interminável de lado e voltando ao fato central dessa crônica... Há alguns meses citei esse causo no twitter para o senador Cristovam Buarque, que me retuitou. Daí alguém me disse que eu poderia aproveitar a situação para dar uma lição ambiental com meu exemplo “ecologicamente correto”. Logicamente não era minha intenção... mas minha condição...aliás, minha condução!
Rindo de mim mesmo, lembrei-me de Ataulfo Alves que em sua canção favorita (Meus tempos de criança) cantava a “saudade da professorinha que lhe ensinou o beabá”. Hoje canto “saudade da professorinha” também, com nostalgia dos dias em que eu era só aluno! Ah...“Eu era feliz e não sabia.”
Por falar em felicidade (ou não), a melhor notícia, pra mim, esse ano, foi minha nomeação no concurso da educação pelo Estado. Será que os alunos da escola pública me farão a mesma pergunta do menino lá ou será que daqui alguns anos conseguirei comprar minha Toyota Hilux preta? Talvez sim, né? Até lá talvez ela esteja mais barata, no ferro velho.
Mas, brincadeiras à parte, conversando com meu amigo Thiagão, outro concursado, que já começou a enfrentar a sala de aula, pensamos isso aqui: “estamos felizes por conseguirmos uma vaguinha no purgatório!” É... Acho que todo professor já vai direto pro céu, caso ele exista.
Na última 6ª feira foi comemorado o dia do professor. Então, deixo aqui minhas congratulações a todos os professores e professoras que, assim como eu, se reconhecem nas frases abaixo:
"Hoje, numa sala de aula, o verdadeiro quadro-negro é o salário do professor" (Max Nunes).
"O material escolar mais barato que temos na praça é o professor" (Jô Soares).
Mas, tirando o capital dessa história e, consequentemente, todo pessimismo que assombra os contracheques de meus colegas professores, ser professor é uma honra. Sem o professor não existe o médico, nem o juiz e nem o próprio professor. Assim seja, Aném.
E sobre meu aluno, não quero ser moralista com seu sarcasmo infantil. Até ri e contei pra Deus e o mundo a piada. O mais importante, pra mim, é... deixa eu ir ali tomar um café.
Amanhã nóis pega a estrada rumo à Piri! Uhu!
No domingão tem, representando a sonzeira dos "NOVOS BAIANOS", Moraes e Pepeu!
Mas, por enquanto, se liga nos "NOVOS GOIANOS"... rs
AGENDA
14 DE OUTUBRO
5a. FEIRA
O QUE | ONDE | QUANDO |
Shows . Johson Machado . Duo 13
| Teatro Sebastião Pompeu de Pina | 20:00 |
Shows . Victor Batista . Marcos Henrique e Santiel
| Cine Pireneus | 21:30 |
Shows . DJ Simone Junqueira . Trivoltz . Radiocarbono . Diego e o Sindicato
| Palco do Rosário | 22:30 |
mais informações em: http://www.agepel.go.gov.br/index.html
ROCK PAI POP FILHOFoi o rock que arrombou a porta e por essa picada aberta agora desfila um teatro de horrores sem estofo e a serviço de uma triste ideologia
O rock surge na década de 50, depois da Segunda Guerra, em meio à desolação do mundo e à necessidade de recriá-lo. O rock vem com a força de um furacão e mexe de forma definitiva no comportamento das pessoas e com a indústria cultural como nunca dantes visto. É transgressor, subversivo, questionador, abusado, rompe com valores estabelecidos, afronta a caretice vigente. A eclosão do rock coincide com o surgimento da televisão e é a pedra filosofal do que se conhecerá adiante como cultura pop.
Chego então aos tempos de hoje. Para constatar como a cultura pop, criada a partir do advento do rock’n’roll, foi-se diluindo, diluindo até chegar a um ponto que equivale à sua própria negação. “O que ontem era novo, hoje é antigo”, já atestava o poeta Belchior nos anos 70. Seu verso poderia derivar para “o que era transgressor hoje é careta”, tamanha a inversão de valores que há no mundo atualmente.
Pois o “Big Brother” e todos os sórdidos reality shows que infestam a tela da tevê, a publicidade cínica vestida de rebeldia cosmética, o circo do show biz e seu ridículo manual de atitudes, a pândega vale-tudo dos programas de humor, o rock programático e meloso das bandas emo, tudo que existe de mais acintosamente anti-rock’n’roll no mundo hoje é, por incrível que pareça, cria do rock. Foi o rock que arrombou a porta e por essa picada aberta agora desfila um teatro de horrores sem estofo e a serviço de uma triste ideologia: o benefício próprio, o enriquecimento fácil, o culto à fama mais que ao trabalho, a desmoralização de toda e qualquer virtude, o desprezo pelo passado e pela memória e o hedonismo mais perverso e sem charme de todas as eras. Se o rock lutava contra o estado de coisas do seu tempo, seus herdeiros lutam para manter as coisas como estão.
Caos x cosmo
Os místicos creem que após todo caos surge um cosmo, como os historiadores sabem que após toda idade de trevas surge uma nova era luminosa. Nunca porém o mundo esteve envolto nesta névoa de instantaneidade e fugacidade que a tecnologia digital nos trouxe. Em nenhuma outra época a ditadura do presente e a conectividade foram tão valorizadas como agora, por um motivo talvez banal: há ferramentas para isso. “Se há ferramentas, por que não usá-las?” – perguntam-se todos.
Conheço umas três ou quatro pessoas que optaram por não ter celular. Engana-se quem pensa que vivem no mato, como ermitões em busca da paz e da sabedoria perdidas. Não, são pessoas urbanas, ativas e ligadas à comunicação. Não têm celular para não perderem outra conexão, mais cara a elas: a conexão consigo próprias.
O mundo hoje é pura evasão. Não à toa, há um boom notável no turismo internacional. A arte aspira ser só entretenimento. E a informação transformada em espetáculo. Mesmo territórios quase sagrados, como a literatura, agora vivem no fio da navalha. Recentemente foi publicada bombástica notícia. Dois adolescentes adaptaram clássicos da literatura universal para o Twitter. Ou seja, transformaram a literatura no oposto do que ela pretende ser. O que era fruição lenta, reflexiva, prazerosa e gratuita, agora é expressa, rasa e a serviço da performance, do tipo “ganha quem ler mais!”...
O mundo futuro será alimentado de informações segundo a segundo. Eventos interativos a todo instante. Tudo dividido entre todos os mortais. Menos o dinheiro, o afeto e o respeito.
Texto meu no DM ( http://site.dm.com.br/ ) de hoje:
Musikaos, Hang The Superstars e Jorge Mautner
Há cerca de 10 atrás eu esperava, ansioso, a meia noite de sábado para assistir ao programa Musikaos, na Tv Cultura. Este programa, apresentado por Gastão Moreira, era uma espécie de vitrine do que acontecia na tal da “cultura alternativa”. Como, na época, eu tinha pouco contato com a internet, era a minha forma de sacar as bandas que não passavam no Faustão e nem estavam no top 10.
Mais ou menos nesse período, passando na Hocus Pocus, símbolo “underground” ali na Araguaia, no centro de Goiânia, encontrei o figura Maurício Motta. Ele estava de jaqueta de couro, com o cabelo bagunçado e folheando umas revistas ao prosear com o Junim. Eu folheava a revista Chiclete com Banana do Angeli (anagrama pra Genial, segundo o Millôr) e comecei, não sei porque, a conversar com ele sobre o pós-punk da banda Joy Division.
Na ocasião comprei a fitinha K7 da banda do Motta, a Hang The Superstars (“Enforque o Superstar!”). A fita tinha um nome sugestivo: “It’s better for you”. Eu já tinha pirado com em um show da Hang
Daí, numa bela noite de sábado, eu estava colocando bombril na antena da minha antiga TV... e quem vejo no Musikaos? Hang!
- Caralho! Que coisa boa! A banda daquele magrelo que conheci na Hocus Pocus? Que doideira!
Hang The Superstars tinha uma energia pulsante e um sarcasmo único. Tanto que tinham uma das músicas mais irônicas do Brasil: “Here is not London”. Imagina a cena do Kaos: uma banda com sotaque goiano, de terno e gravata, cantando em inglês “aqui não é Londres”! O iconoclasta Maurício Motta é um dos meus ídolos. Daí penso: “meus ídolos são meus ídolos por serem anti-ídolos! Enforque os ídolos!”
A história da mitológica Hang é tão interessante, que acaba logo que eles lançam o primeiro (e último) CD completo: “First, Lost and Away”, em 2005. Essa banda, que deixa saudades, estava ali naquele programa Musikaos. Kaos com k mesmo, por causa da filosofia do beatnik brasileiro Jorge Mautner, que era um mestre sempre presente no programa recitando suas maluquices lúcidas.
Pois é. Terça-feira passada Mautner esteve, com seu violino, tocando na abertura da 10ª Goiânia Mostra Curtas. Valeu a iniciativa de Maria Abdalla de trazer esse ícone da cultura brasileira, pré-tropicalista “maldito da MPB” (embora ele tenha um vinil chamado “anti-maldito”)! Como disse Jards Macalé: “maldito é uma espécie de bendito ao contrário”. O show de Mautner, no entanto, não empolgou muito a platéia, ainda que tenha tocado seus sucessos “Eu não peço desculpas” (gravada com Caetano no cd premiado pelo Grammy) e o famoso “Maracatu Atômico” (que NÃO é uma composição de Chico Science!), de Mautner e Nelson Jacobina.
Lá fora do teatro, o cineastra Carlos Magno me retruca: “Cartola e Nelson Cavaquinho cantavam na boemia, mas só foram gravar quando já estavam velhos. Já do Mautner conhecemos sua produção de juventude e agora vemos ele assim...”. Mas precisamos relativizar, caro Carlos. Mautner soube seguir a vida sorrindo, ao contrário de Torquato Neto que disse: “Pra mim chega!” São duas opções distintas perante a existência. Hoje eu não quero mais ser o Ian Curtis; quero ser o Frank Zappa!
O Musikaos não existe mais, mas fica seu legado de transmitir a filosofia kaótica de Mautner à outras gerações e a lembrança desse marco da cultura alternativa brasileira. Eu soube, perguntando pelo twitter ao professor Nasr Chaul, que ele compôs a letra da música “Tropikaos” inspirado por Mautner – e disse que eu fui o primeiro, em 25 anos da letra, a descobrir isso! É o Kaos da internet unindo, assim como queria Mautner, MPB e rock, tradição e inovação, asfalto e sertão.
“O Kaos é a tensão dramática, enlouquecedora, purificadora, da existência”.
“O Kaos é Marx mais Nietzche!” e conclue Mautner (um dos nomes do rock tupiniquim):
“Ou o mundo se brasilifica. Ou vira nazista!”
14h | Encontro das entidades do audiovisual de Goiás Entidades convidadas: Associação Goiana de Cinema e Vídeo (AGCV) Associação Brasileira de Documentaristas - Seção Goiás (ABD-GO) Associação Brasileira de Cinema de Animação de Goiás (ABCA-GO) Local: Auditório do Hotel La Residence |
20h | Abertura Homenagens: Kleber Mendonça Filho, Fifi Cunha (in memorian) Exibição do filme: Recife Frio (PE) - fic - 35mm - 24' - 2009. Dir. Kleber Mendonça Filho Show com Jorge Mautner Local: Teatro Madre Esperança Garrido - Colégio Santo Agostinho |
Texto meu no DM:
POWER TO THE PEOPLE?
Redijo as observações a seguir ouvindo Lennon cantar “Power to the people!” (Ainda devo escrever porque sou mais John do que Paul, mas deixo isso pra outra ocasião...), que me instiga a fazer um comentário geral sobre a nossa “democracia”.
A democracia brasileira foi bem retratada na semana passada pelo cartunista Almir, gênio daqui do DM, numa charge em que o palhaço Tiririca abria os braços e dizia para o Congresso: “Fomos feitos um para o outro!”
Após soltar uma gargalhada diante da charge, pensei no quadro dramático: Quantos brasileiros morreram ou foram perseguidos em nome da democracia, para, agora, a política virar essa palhaçada “ficha suja” que assistimos diariamente pela TV (“Teatro dos Vampiros”)? Triste!
Hoje é o dia em que muita gente, sob protesto, votará em palhaços; outros em apresentadores de televisão, em pastores, em empresários ou em representantes dos interesses das classes dominantes.
Andando pela cidade vejo pichado nos muros: “Eleição é ilusão”. Navegando no twitter, Lobão diz: “NULO NELES!”. Diante disso, poderíamos rememorar a velha teoria da má-fé do Sartre: “escolher não escolher É escolher!”. Mas escolher, engajar-se, é muito mais que fazer da democracia apenas um conceito eleitoreiro ou, na outra ponta, defender um anarquismo de fachada.
Eu também tenho que tomar minha decisão para teclar lá na urna eletrônica. Vou lá com o “cabresto” que nos obriga a votar. Muitas vezes já votei no “menos pior” ou já votei em alguém “contra” outro alguém. Hoje muitos cidadãos estão encurralados nesse tipo de opção.
Enquanto isso, você deve estar pensando que hoje é um dia fundamental para a decisão dos rumos da história do país e do Estado, sem saber das decisões tomadas nos bastidores. Faz o seguinte...vai lá no youtube e digite: “Eike Batista, Roda Viva”. O cara, um dos mais ricos do mundo, apoiou o Serra e a Dilma e acha que as bases do Brasil estão estabelecidas. Depois de ver a entrevista, compre o livro Democracia Totalitária do intelectual português João Bernardo, para pensar mais sobre o assunto.
Quando Lennon cantou “Power to the people” (poder para o povo) não deve ter pensado nisso aí...
Não use o poder do seu dedo para o gozo de corruptos!
Pense bem!
ERRATA
Semana passada, cometi o lapso de dizer que a patente do historiador Nelson Werneck Sodré era de coronel, enquanto era de general. Sodré, que era um pesquisador rigoroso e extremamente disciplinado, ficaria incomodado com esse meu equívoco. Foi mal aí!
COLECIONADOR DE JORNAIS
Sodré tinha o costume de guardar jornais como documentos históricos. Percebo no texto dele uma narrativa que dá voz aos personagens históricos. Ele compunha um quadro historiográfico citando trechos de jornais, mostrando as diferentes versões dos fatos e depois vinha com sua interpretação, desconstruindo as visões dos jornais a serviço de interesses dos grupos dominantes.
LIBERDADE
“Só quem perdeu, algum dia, a liberdade, pode avaliar quanto ela vale” – frase de Sodré no seu livro de memórias sobre o golpe de
ANGÚSTIA
Para o existencialismo a liberdade é angustiante. Diante da possibilidade de escolha me angustio. É o que sinto hoje. Tenho argumentos contra tal candidato; mas, nessa conjuntura atual, falar mal de um significa beneficiar o outro. Se calar também pode ser uma opção política.
Estar atento ao jogo – essa é a regra!